A noite de domingo foi de emoção no Centro Integrado de Cultura (CIC) durante a apresentação do espetáculo Marley in Camerata. E o responsável por isso foi o pequeno João Vitor Macedo, de 8 anos. As informações são do repórter Edsoul, do Jornal do Almoço.
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João é autista, mas através da música se tornou mais sociável e começou a interagir.
— O contato com a arte, como um todo, permite a expressão mais íntima de afetos. E a música permitiu que o João pudesse colocar para fora o que talvez em outras oportunidades ele não consiga fazer com tanta emoção — explica Patrícia Moura, psicóloga.
O menino foi no primeiro show Marley in Camerata, em setembro. Depois do evento, a mãe, Melissa, escreveu um depoimento na página da Camerata no Facebook. “Quando acabou, ele me disse que foi o melhor dia da vida dele. E assim também foi o meu. Difícil entender quem não vive isso no nosso dia a dia, mas foi uma grande conquista”, escreveu, revelando que o pequeno já era um grande fã de Bob Marley.
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No domingo, ocorreu a segunda edição do show. Mãe e filho estavam lá, dessa vez como convidados ilustres. Antes da apresentação eles acompanharam o ensaio dos músicos.
— É o que acalma ele nos momentos em que está estressado, e até durante as convulsões (João também tem epilepsia). E é tão bonito ver ele assim que chega a emocionar — disse a mãe.
Na ocasião, João também revelou qual é sua música preferida: “One Love”, a canção que diz em seu refrão “um só amor, um só coração, vamos seguir juntos para ficarmos bem”.
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João foi homenageado, subiu ao palco, dançou com os músicos, e levou todos às lágrimas.
— Quando a gente prepara um programa, a gente estuda, se prepara, não imagina que a música vai ter esse alcance. Foi realmente de tocar o coração — disse Jefferson Della Rocca, maestro da Camerata.
Mauro Branco, percussionista e idealizador do espetáculo, também comemorou:
— É muito emocionante. A gente vê de verdade que a música une.
Dia de alegria pós show
Nesta segunda-feira o dia de João foi de alegria e reconhecimento. Na escola em que estuda, os coleguinhas o procuravam pra falar sobre o assunto. Ele não tirou da roupa uma medalha em referência ao reggae que ganhou dos músicos. Não parou de sorrir o dia todo.
— Ele não entende a grandiosidade de ter ido no palco, só queria ir lá dançar. O fato é que eu jamais imaginei ele naquela situação. O João foi tao bem acolhido que se sentiu à vontade. Hoje (segunda) os amiguinhos foram falar com ele na escola, canta sozinho, dança sozinho — relatou Melissa.
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A mãe consegue resumir em poucas palavras o que a música fez por João:
— Eu diria que ele encontrou uma forma de expressar o carinho que sente dentro dele e as vezes não consegue colocar pra fora. Ele conseguiu abraçar, beijar.
O sentimento que ficou explicito no palco começou a se revelar dois anos atrás, quando João descobriu Bob Marley.
— A gente foi numa pousada na Praia do Rosa e tava tocando. Ele voltou pra casa pedindo “aquela música”, mas eu não sabia qual era. Voltamos lá e percebi que todas as vezes que tocava Bob Marley, ele parava — conta.
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Foi assim que o músico, que morreu em 1981, muito antes de João nascer, se tornou um aliado da família, que mora em Coqueiros, no tratamento do filho.
Valor arrecadado irá para entidade
O valor arrecadado com o espetáculo, que teve a entrada inteira por R$ 10, foi destinado a um projeto social. Um cheque com o valor de R$ 5.359 foi entregue para o Projeto Nosso Mundo, desenvolvido pelos alunos da 7ª fase vespertina de Administração Empresarial da Esag/Udesc, que neste semestre estão angariando recursos para aquisição de móveis e equipamentos para a Associação de Pais e Amigos dos Autistas de Florianópolis (AMA). O cheque foi entregue logo após o show, no camarim do teatro.
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