O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC) deve receber nesta terça-feira a memória da urna eletrônica que apresentou defeitos em Içara, no Litoral Sul de SC. Às 15h do domingo de eleições, a urna da Escola de Educação Básica Tranquilo Pisseti, apresentou defeitos na memória interna e 44 eleitores acabaram votando com cédulas de papel.
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Ao todo, são 390 eleitores registrados na Seção 458. Por conta do defeito, apenas os 44 que votaram manualmente tiveram seus votos cadastrados, enquanto outros 287 tiveram votos considerados nulos.
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Diante disso, o deputado estadual Dóia Guglielmi (PSDB) ingressou com recurso ao tribunal. Ele diz ter sido prejudicado com o ocorrido e reivindica nova eleição na Seção 458. O parlamentar, que tem base eleitoral em Içara, perdeu a vaga na Assembleia Legislativa por 37 votos – esta foi a diferença entre ele e Dr. Vicente (PSDB).
A contagem de votos do Estado foi encerrada no domingo, sem os votos da urna defeituosa, e homologada na tarde desta segunda-feira.
Advogado do candidato à reeleição, Giovanni Marchi afirma que o recurso foi interposto domingo e que a coligação deve apresentar os argumentos completos para fundamentar o recurso ao TRE-SC nesta terça.
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– O direito do voto foi usurpado de 287 pessoas. O recurso enxerga duas possibilidades: se for possível recuperar os votos, deve haver uma recontagem. Se não for possível, então pedimos uma nova eleição naquela seção específica – afirma o advogado.
Único caso não solucionado em Santa Catarina
Se não fosse o problema, SC teria sido o primeiro Estado a encerrar a contagem de votos nestas eleições. De 15 mil urnas no Estado, 141 foram substituídas – menos de 1% do total, uma média próxima a de anos anteriores. Segundo o TRE-SC, o problema em Içara foi o único não solucionado a tempo.
Os problemas começaram por volta das 15h. A máquina chegou a ser trocada quatro vezes antes de ser decidido pelo voto manual, às 18h. A votação no local só encerrou às 19h, duas horas após a expectativa.
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Até o momento não é possível dizer o que houve na urna. Ela permanece em Içara e deve ser enviada a Florianópolis ainda nesta terça-feira, segundo o chefe do Cartório Eleitoral do município, Marcos Antônio da Silva Moraes. Ele conta que os técnicos tentaram substituir tanto o aparelho quanto as memórias internas antes de decidir pela votação manual.
– Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance legal, então acredito que o problema tenha sido na memória interna, a qual não temos acesso. Mas isso só poderá ser descoberto após análise mais aprofundada das memórias e da urna – explica Moraes.
Caso parecido aconteceu em Joinville em 2010
Em Santa Catarina, o último registro de votação manual havia sido nas eleições de 2010. Na época, duas urnas eletrônicas tiveram de ser substituídas pelo sistema manual de votação em Joinville.
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Segundo o TRE, foram os únicos casos desse tipo no Estado naquele pleito. Os 408 votos que já tinham sido registrados nas duas urnas eletrônicas foram anulados, porque os equipamentos apresentaram falhas nos flash cards.
Entenda o defeito da urna de Içara:
MEMÓRIA DA URNA: Como qualquer aparelho eletrônico, a urna precisa de dispositivos para armazenar os dados. Estes dispositivos chamam-se flash cards – um interno, onde ficam registrados o sistema operacional, os votos e os dados gerais; e outro externo, que mantém cópia de todos os dados do primeiro, sendo acoplado à urna durante a preparação dela nos cartórios eleitorais.
FLASH CARD: Os mesários e o cartório eleitoral local têm acesso apenas ao flash card externo. É proibido manusear o flash interno. Então, quando uma urna eletrônica apresenta problemas, retira-se o cartão externo e substitui-se a máquina inteira, copiando todos os dados para a urna nova. Em Içara, este processo foi repetido quatro vezes, mas não foi possível copiar os dados para a urna nova, o que leva o cartório a crer que o problema tenha sido no cartão interno que deveria ter registrado os votos.
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MEMÓRIA DE RESULTADO: Além dos flash cards, outro tipo de mídia é usado para gravação dos dados – a Memória de Resultado, um tipo de pen-drive criado pela Justiça Eleitoral, acoplado à urna durante sua preparação. São estes pen-drives que são levados ao Tribunal Regional Eleitoral (ou algum local de onde os dados possam ser enviados) para a apuração dos votos. Em Içara, este cartão foi acoplado em outra urna, mas também não possuia os dados gravados.