Os 27 médicos do Hospital Universitário da UFSC (HU) suspeitos de envolvimento com fraudes no sistema de controle de frequência devem começar a ser escutados pela Polícia Federal (PF) em Florianópolis a partir desta semana.
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A Operação Onipresença, deflagrada em 9 de junho, investiga servidores e professores alocados no hospital que teriam descumprido obrigações contratuais – principalmente atendendo em consultórios e empresas particulares durante o horário em que deveriam atuar na universidade.
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Desde quinta-feira passada, a PF ouve mais de 60 testemunhas, incluindo enfermeiros, técnicos e médicos que possam contribuir para os rumos da investigação. Outras testemunhas procuraram a polícia voluntariamente para dar mais informações. Mais servidores ainda podem ser chamados caso surjam indícios de participação deles no esquema.
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Três delegados trabalham exclusivamente na coleta dos depoimentos das testemunhas. A polícia não informou o teor dos relatos ou o número de depoimentos dados até agora, mas adiantou que esta fase da investigação deve ser concluída nos próximos dias. Os suspeitos devem começar a dar suas versões em seguida.
Perda da licença e ressarcimento de valores
Os investigados possuem vínculos públicos de 60 ou 40 horas semanais de trabalho, mas durante a jornada estariam realizando atendimentos em consultórios, clínicas e hospitais particulares em prejuízo do atendimento no HU.
A PF comunicou que a operação começou em outubro de 2013, após uma denúncia sigilosa. Segundo uma estimativa apresentada pelo delegado Allan Dias, caso os 27 médicos tivessem contratos de 40 horas por cinco anos, recebendo um salário médio de R$ 20 mil, o rombo aos cofres públicos chegaria a R$ 36 milhões.
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Ao todo, 32 médicos foram investigados em um ano e meio de operação, sendo encontradas irregularidades na atividade profissional de 27 deles. Além de punições administrativas, como a perda da licença, os envolvidos podem ter que ressarcir os valores que receberam sem ter trabalhado de acordo e perder os cargos públicos.
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Foto:Guto Kuerten/Agência RBS