Debaixo de lonas improvisadas, sem paredes e expostos à chuva, vento e possíveis ações de vândalos e ladrões, o maricultor José Roberto Queiroz, 63 anos, trabalha em condições precárias para sobreviver. Hoje completa quatro meses que o rancho dele e de outros quatro vizinhos pegaram fogo em Santo Antônio de Lisboa. Em meio a promessas de políticos de reconstrução, nada foi feito.

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Queiroz é o primeiro maricultor catarinense, e olha com tristeza para o que restou. Seu prejuízo ultrapassa os R$ 60 mil, entre materiais de trabalho (lanternas, redes, armadilhas e um motor). Também queimaram as licenças para pesca, documentos do barco.

– Um dia depois veio prefeito, secretário da pesca, vereadores e mais um monte de gente fazer promessa, que iriam nos ajudar e em três meses tudo estaria reconstruído. Nem a limpeza do terreno vieram fazer, ficamos completamente abandonado s-lamenta.

Com a ajuda da comunidade local, que realizou um bingo para ajudá-lo, Queiroz conseguiu dinheiro para comprar madeira e reconstruir o rancho, mas teve a obra desembargada pela Floram.

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– Nem um animal é tratado desta forma. Brigo pelo direito de trabalhar. Dói meu coração ver tudo desta forma depois do que fiz pela pesca e pela economia catarinense com o incremento de empregos diretos e indiretos – reclama.

Secretaria de Pesca diz que aguarda parecer do Ipuf

O diretor da Secretaria de Pesca e Maricultura, Henrique da Silva, explica que existe um projeto de revitalização para toda a área, e o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf) – órgão responsável – quer liberar a construção dos ranchos somente depois que todo o projeto for aprovado.

– Sabemos da necessidades dos maricultores, por isso esperamos ter uma definição do Ipuf até o fim desta semana para autorizar a construção de novos ranchos provisórios. Chegamos a cogitar a instalação de containers no local, mas vimos que não era viável para a atividade – disse Silva.

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Processo em elaboração

Por meio de nota, a assessoria do Ipuf declarou que existe um processo de urbanização e ordenamento do local, de forma que pescadores, moradores e frequentadores possam desfrutar desse espaço da melhor forma possível. E que ficou acertado que serão feitos ranchos de pesca seguindo o padrão elaborado pelo Ipuf e segundo o projeto de urbanização desenvolvido para a área em questão.

O processo definitivo levaria em torno de nove meses para ser entregue (visto a necessidade de licitação), sendo que durante esse tempo foi acordado uma solução temporária. No entanto, os pescadores começaram a construção de um barracão fora dos padrões, sem a autorização da prefeitura e nem da SPU. Por causa do descumprimento do acordo e a construção irregular não há mais uma previsão exata, já que há um embargo e uma provável judicialização da questão.

Confira a galeria de fotos do incêndio: