Quase dois dias de viagem separam o catarinense Lucas Sorin, 23 anos, de seu maior sonho. Serão 33 horas a partir do momento que deixar São Paulo de avião, no próximo sábado, até aterrissar na Indonésia, onde fará sua estreia em um Campeonato Mundial de Kung Fu.

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Antes disso, ele embarca nesta quinta-feira para mais de 10 horas de ônibus de Balneário Camboriú, onde mora, até Porto Ferreira, no interior paulista, onde se reunirá com a seleção brasileira. Somando mais três horas de estrada até o aeroporto, serão pelo menos 46 horas de deslocamento e chegada prevista na segunda-feira.

A longa empreitada, que tem início nesta tarde, é cansativa, mas vale a pena. Campeão brasileiro em 2012, pan-americano em 2014 e sul-americano em 2015, Sorin é o primeiro atleta de SC a ser convocado para um Mundial. Sua estreia está marcada para o próximo dia 13.

Ele, que foi campeão estadual de futebol nas categorias de base, decidiu abandonar a paixão nacional há sete anos ao entrar em contato com o kung fu. Tinha o objetivo de aprender a se defender, mas com dois meses de treino, já estava competindo. No início, não levava muito jeito, foi eliminado logo no primeiro combate em três participações no Campeonato Brasileiro. Até que os golpes começaram a encaixar.

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– Tinha muita vontade de treinar, evoluir. Vi que ali era o que realmente gostava, a adrenalina da luta. O Mundial sempre foi meu maior sonho, mas parecia muito distante. Mesmo assim acreditei e trabalhei, o resultado veio. Nem caiu a ficha que vou chegar no maior evento do mundo – conta o lutador.

Encontro com as potências do esporte

Agora o desafio dá um salto. Único representante brasileiro na categoria até 60 kg, ele enfrentará pela primeira vez atletas da Ásia, que reúne as maiores potências do kung fu. A esperança é de medalhas, mas ele procura manter os pés no chão.

– Infelizmente é uma outra realidade. Três dias antes da viagem tenho que ficar pensando se vou conseguir o dinheiro, enquanto meus adversários já têm tudo resolvido, recebem apoio do governo, vivem para isso. Mas estou tranquilo, vou para fazer as melhores lutas da minha vida – afirma Lucas, que desde o início do ano largou o trabalho de porteiro ao fechar seu primeiro patrocínio contínuo, mas ainda precisou vender rifas e promover eventos de combate para arcar com as despesas da competição.

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Em Balneário, Lucas fundou a própria equipe, a Team Sorin, na qual, além de treinar, dá aulas para os mais novos. A ideia é formar uma leva de campeões que se inspirem no exemplo local e ajudem a quebrar um jejum que já é de 14 anos desde a última vez que o Brasil conquistou o último título mundial no estilo de combate, em 2001, com Eduardo Fujihira.

Kung Fu Sanda

– É o estilo de combate do kung fu, diferenciando-se das rotinas (Talou)

– Aplica técnicas de socos, chutes e quedas

– As projeções e quedas são seu diferencial em relação a outras artes marciais

– Golpes que pontuam: socos e chutes na coxa, cabeça e costela, além de quedas

– Maior pontuação (3 pontos): chutes com salto que acertem a cabeça; socos e chutes que façam o oponente cair no chão

– Cinco árbitros laterais definem o vencedor de cada round, e ganha a luta quem vencer dois rounds

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– O vencedor também pode ser definido por nocaute, quando o adversário cai no chão e não consegue voltar a lutar após 10 segundos de contagem

– O Campeonato Mundial de Kung Fu, com competições de Sanda e Talou, acontece a cada dois anos

– No Sanda, divide-se em 10 categorias no masculino e quatro no feminino