Com as promessas de isentar o Imposto de Renda (IR) de quem ganha até cinco salários mínimos, federalizar o Ensino Médio e tomar um banho de mar em Santa Catarina se vencer a eleição presidencial em outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou um verdadeiro comício no Largo São João Paulo II, no Centro de Florianópolis, na tarde deste sábado (24). O evento faz parte da caravana do petista pelo Sul do Brasil, que continua com outro ato no final da tarde em Chapecó.
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A militância simpática ao ex-presidente tomou conta do local, utilizando as escadarias da Catedral como arquibancada e buscando refúgio do sol de 32 graus sob as árvores da Praça XV de Novembro ou improvisando guarda-chuvas. Este cenário icônico de Florianópolis foi o palco para a polêmica entrega do título de Cidadão Catarinense para o petista e para meia hora de discurso de Lula marcado por críticas à imprensa, ao Ministério Público Federal e ao Judiciário pela condenação a 12 anos de prisão por corrupção passiva no caso envolvendo o tríplex em Guarujá (SP). A condenação, confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), impede a candidatura de Lula à presidência e pode levar à prisão do ex-presidente após o julgamento os embargos da defesa junto ao tribunal.
A militância petista e de partidos de esquerda começou a chegar ao local do evento a partir das 9 horas. No palco, revezavam-se discursos, apresentações de música ao vivo e jingles das campanhas eleitorais de Lula. Um grupo de manifestantes contrários a Lula chegou a se posicionar no local – sob a sombra das árvores da Praça XV -, mas foram retirados pela Polícia Militar (PM). O policiamento ostensivo – viaturas, cavalaria, helicóptero – impediu confrontos e separou os grupos. Os organizadores do evento afirmaram que cerca de 10 mil pessoas estavam presentes. A PM não deu estimativa.

A chegada de Lula foi anunciada às 13h20. Antes, o ex-presidente encontrou lideranças políticas e acadêmicas em um evento fechado na Assembleia Legislativa (Alesc). Antes do discurso no Centro, foi feita a entrega do título de Cidadão Catarinense ao ex-presidente – aprovada em 2008 pelos deputados e que causou polêmica após o pedido da deputada estadual Ana Paula Lima para fazer a entrega durante os comícios de Lula no Estado, autorizada pelo presidente da Alesc, Aldo Schneider (PMDB).
Além da entrega, também foi feita a filiação ao PT do desembargador aposentado Lédio Rosa de Andrade, possível candidato do partido ao governo de SC. Ao discursar, Lédio disse que deixou a magistratura para combater injustiças e que o país vive uma ditadura “feita em nome da Justiça e da moral, mas com terríveis intenções por trás”. Além dele, também falaram o deputado federal Décio Lima, presidente estadual do partido, e o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad.
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Eram quase 14h quando Lula começou seu discurso. Disse que os adversários políticos do PT destilaram ódio na população desde a reeleição de Dilma Rousseff em 2014, e que a queda de sua sucessora por impeachment e a inclusão do ex-presidente nas investigações da Operação Lava-Jato foi tramada pelos meios de comunicação, setores do MPF e Judiciário. Fez fortes críticas ao procurador Deltan Dalagnoll, ao juiz Sérgio Moro e ao TRF4. Disse que não vai se calar e que quer ser julgado em tribunais superiores. Chegou a se emocionar ao citar a bisneta, nascida ano passado.
— Eu não posso respeitar essa decisão, porque se respeitar, não vou poder olhar nos olhos da minha bisneta — disse Lula.
O petista disse que ainda não é candidato a presidente, porque não foi realizada a convenção do PT, mas tem vontade de concorrer. Prometeu revogar medidas tomadas no governo do presidente Michel Temer (PMDB), acabar com o teto de gastos e federalizar o ensino médio (“já disse para o Haddad calcular quanto vai custar”). Além disso, defendeu a isenção do Imposto de Renda de quem recebe até cinco salários mínimos (R$ 4,7 mil) e a taxação de heranças, fortunas e aplicações financeiras. Ao final, citou o título de Cidadão Catarinense e lembrou que tomou banho de mar nas praias da Joaquina e Ingleses, em Florianópolis.
— Quero dizer para vocês: na minha vitória eu virei tomar um banho de mar em Santa Catarina.
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