Mais do que gritar palavras de ordem e empunhar cartazes, os milhares de manifestantes que foram às ruas de Joinville nos últimos dias deixaram lições que ainda ecoam na cidade: a principal delas, na avaliação de lideranças ouvidas na quinta-feira, é que a mobilização e a voz das ruas podem, sim, provocar mudanças. Outro ponto destacado é que, ao contrário de outros centros urbanos, os protestos na cidade não deixaram qualquer rastro de violência, depredação ou confronto.
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As manifestações que ocorreram nos dias 20 e 26, debaixo de chuva, reuniram em torno de 15 mil pessoas – mais de 10 mil só na primeira – e percorreram algumas das principais ruas do Centro, como a Princesa Isabel, João Colin, Nove de Março, 15 de Novembro e Beira-rio.
O Movimento Passe Livre (MPL), como no resto do País, ganhou força e atraiu a atenção e a simpatia de jovens estudantes da cidade. O que não quer dizer que a causa tenha sido adotada por eles.
– Ainda não acabou. Estamos no meio do processo. Mas fortaleceu o movimento, colocando em evidência a bandeira -, diz André Altmann, um dos integrantes do MPL desde o começo da década passada.
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A segunda manifestação, para os integrantes do movimento, apesar de ter menos pessoas – cerca de 2,5 mil – foi mais propositiva, com foco na pauta de reivindicações que envolve o transporte coletivo, especialmente a tarifa zero.
O sentimento comum é de que os avanços conquistados com a mobilização nacional e os protestos na cidade nos últimos dez dias são tão ou mais significativos do que os quase dez anos de atuação do grupo na cidade.
– A primeira lição que fica bem clara, não só para nós do movimento, mas para as pessoas, é que dá para fazer mudança na rua -, diz Leonel Camasão, que liderou parte do grupo e defende as propostas do MPL.
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Segundo ele, ainda é preciso direcionar a discussão cada vez mais para questões locais.
Quinta-feira à tarde, integrantes do MPL foram à Prefeitura protocolar um pedido de audiência com o prefeito Udo Döhler.
Democracia
Na avaliação do comandante em exercício do 8º Batalhão da Polícia Militar, major Jofrey Santos da Silva, o respeito à democracia foi o ponto alto dos protestos na cidade.
– Foram dois dias muito positivos. Primeiro, pela participação das pessoas, que se mobilizaram de maneira organizada, ordeira e, segundo, porque a PM estava lá para garantir a integridade física de todos, compromissada com a manifestação coletiva -, disse.
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Segundo ele, a explosão de rojões e a pichação de algumas paredes no Centro não representam o sentimento da maioria.
– Não entendemos isso como uma ação agressiva. A comunidade informava quando havia qualquer tipo de descontrole -, disse.
Pacífico
As empresas Gidion e Transtusa destacaram que os dois protestos realizados na cidade foram pacíficos. Informaram que, assim como os manifestantes, também se preocupam com a melhoria do sistema de transporte público.
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Sobre a liberação de cobrança da passagem na noite de quarta-feira, as empresas responderam que isso foi resultado de uma negociação das empresas e a Polícia Militar com os manifestantes para atender à população. As entradas foram liberadas e em todas as linhas os ônibus havia passageiros.
– Só não é possível precisar quantos não pagaram passagens, pois é justamente pela catraca e validador que estes números são contabilizados -, finalizou a nota.
Veja como foi a cobertura ao vivo do protesto.
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