A segunda grande manifestação de Joinville, na noite de quarta-feira, foi menor do que a de quinta-feira passada, mas com foco mais claro, mais ensaiada (com direito a coreografias e batuque), também com momentos mais tensos quando rojões foram estourados, e terminou com um ato bem mais simbólico do que a tomada do terminal de ônibus do Centro, que já acontecera semana passada: desta vez, os manifestantes puderam ir de graça, de ônibus, para casa.

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O grito de “hoje, a tarifa é zero!”, quando uma multidão corria para tomar o terminal, ao fim dos protestos, virou uma espécie de “noite do passe livre” quando as concessionárias de ônibus Gidion e Transtusa liberaram a cobrança de passagens para evitar criar caso com os manifestantes.

Mesmo em menor número – duas mil pessoas, segundo a Polícia Militar, frente aos 10 mil que, mesmo com chuva, saíram às ruas na quinta-feira -, a manifestação foi focada na cartilha do Movimento Passe Livre (MPL), que havia convocado a manifestação. O percurso da passeata também mudou: após repetir o trajeto das ruas Princesa Isabel e 15 de Novembro, desviou pela rua do Príncipe, avenida JK, Ministro Calógeras e Procópio Gomes.

Esquinas como a da Princesa Isabel com a João Colin e a avenida JK, sob a passarela, viraram cenário de uma manifestação bem mais ensaiada que a da quinta-feira. Manifestantes do Passe Livre sentavam-se, repetiam em coro um texto contra a tarifa de ônibus e depois saíam pulando ao som da batucada que puxava a passeata.

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“Boi, boi, boi, boi da cara preta, se não baixar a tarifa, vamos pular roleta!” e “quem não pula, quer tarifa!” foram cantados em vários trechos da manifestação.

No início, ainda na praça da Bandeira, rojões soltados em meio à multidão por quatro rapazes quase provocaram confusão, contida pelos próprios manifestantes. Depois, viraram motivo de vaias da maioria, assim como foi repreendida uma pichação na Princesa Isabel. A PM considerou a manifestação pacífica e não registrou casos de vandalismo ou violência.

Outra manifestação ficou marcada pelo MPL para terça, dia 2, às 18 horas, na praça da Bandeira. O movimento prometeu entregar uma carta à Prefeitura reivindicando 14 audiências públicas em bairros durante o processo de licitação do transporte público, como já havia pedido em discussão sobre o assunto na Câmara.

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Manifestantes pulam catracas

Ao se aproximarem do terminal central, no final da passeata, os manifestantes começaram a correr e a pular as catracas.

Em poucos minutos, o terminal foi tomado. Os ônibus passaram a circular apenas pelas ruas. Muitas linhas acabaram atrasando. Quem estava aguardando o coletivo para ir embora precisou aguardar. Os gritos de guerra ecoaram no terminal por cerca de meia hora. Os manifestantes dançaram, batucaram, sentaram no chão e fizeram suas reivindicações.

Os organizadores do MPL pediram às empresas do transporte coletivo – Transtusa e Gidion – e ao comando da PM que permitissem aos manifestantes voltar para casa sem pagar a passagem. Tanto a polícia quanto os responsáveis pelo transporte não se opuseram.

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Aos poucos, as pessoas subiram nas plataformas e liberaram as pistas para que os ônibus pudessem entrar. Por volta de 21 horas, o tumulto terminou e as linhas voltaram ao normal.

Udo avalia pedido

Sobre a cobrança dos manifestantes – transporte público de qualidade e gratuito ou ainda redução da tarifa de ônibus – o prefeito Udo Döhler lembrou que uma primeira revisão nas tabelas foi realizada no começo do ano, quando a passagem baixou de R$ 3 para R$ 2,90. A partir de 1º de julho, mais uma vez a tarifa será reduzida: vai para R$ 2,80. Sobre uma nova redução, o prefeito é cauteloso.

– Teríamos que estudar um subsídio. Teríamos que compensar as empresas com a perda. E isso significa que teríamos que tirar o dinheiro de algum lugar, e hoje não temos como fazer isso -, disse o prefeito.

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Para ele, a isenção dos demais impostos pode auxiliar.

Veja como foi a cobertura ao vivo do protesto.