Paralelo ao segundo atraso consecutivo dos salários, a Glória faria na manhã desta terça-feira o leilão de 46 ônibus, que estariam fora de circulação na cidade. A venda dos veículos iria ocorrer através da empresa Júlio Ramos Leilões. É possível ver fotos e detalhes dos itens _ pré avaliados em R$ 1,3 milhão _ no site de compra e venda OLX. Entretanto, uma liminar da 2ª Vara do Trabalho de Blumenau suspendeu o leilão.

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O motivo da suspensão, segundo o juiz responsável, Oscar Krost, teria partido após o Sindetranscol solicitar que o valor arrecadado com a venda dos ônibus fosse revertido para o fundo de garantia dos funcionários da Glória, atrasado desde 2012. Krost explica que, apesar do pedido do sindicato, a atitude mais correta seria evitar que o leilão ocorresse neste momento:

– Embora o pedido fosse para levantar os valores, me pareceu que a não realização seria mais prudente, até porque se a empresa precisa liquidar dividas, ela poderia oferecer diretamente aos credores esse bens. O leilão não foi proibido ou vetado, ele foi simplesmente suspenso na data de hoje porque foi feito de uma maneira que o próprio sindicato não havia tido ciência, em tempo hábil, inclusive para poder participar.

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Ainda conforme o juiz, a forma como o leilão foi organizado impediu que o evento fosse amplamente divulgado, o que, segundo ele, poderia baixar o valor dos lances:

– Estranhei essa pressa toda da empresa em liquidar uma parte do ativo sem que esse ativo fosse valorizado. Há juros? Sim. Há dívidas? Sim. Mas o prejuízo maior para todos é fazer de qualquer maneira com um preço mínimo.

Questionado sobre uma possível ligação entre o leilão e o atraso do pagamento dos funcionários, Krost afirmou que não pode opinar sobre isso, mas que reconhece que, como toda empresa, a Glória tem patrimônio, dívidas e obrigações contratuais.

– Provavelmente a empresa optou por se ver livre desse patrimônio, que tem imposto e custo de manutenção, antes de pegar dinheiro com banco. Em tese tentaram se ver livres de uma despesa, que é manter uma garagem com frota parada, e preferiram liquidar logo, mas essa pressa, ao meu ver, não é necessária. Isso pode dar margem a uma subvalorização ao invés de saldar as dívidas – conclui Krost, ao ressaltar que o leilão poderá ocorrer normalmente se o evento foi devidamente anunciado, inclusive com a divulgação prévia de valores, garantindo que todos os interessados possam participar.

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De acordo com o presidente do Seterb, Erivaldo Nunes Caetano Junior, o Vadinho, o leilão é uma questão da Glória e não envolve a prefeitura ou a autarquia.