As letras de crédito imobiliários (LCIs) e as letras de crédito de agronegócios (LCAs) tornaram-se, nos últimos anos, investimentos desejados pelos investidores pessoas físicas. Além disso, elas são duas das principais fontes de captação dos bancos médios. Não poderia ser diferente, dado que ambas proporcionam aos investidores isenção fiscal, garantia do fundo garantidor de crédito (FGC) e rentabilidades atrativas. Para os bancos, esses ativos são sinônimos de custo de captação baixo e um canal para destinar recursos a dois setores importantes para a economia brasileira: imobiliário e agronegócio.
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Essa relação ganha-ganha culminou em um crescimento abrupto do estoque destes títulos, muito acima das outras classes de ativos, como fundos de investimentos, poupança e certificados de depósitos bancários (CDBs).
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Desde setembro de 2014, um mês antes das últimas eleições presidenciais, não faltaram fontes afirmando que o governo analisava formas de tributar estes ativos, assim como restringir as modalidades de operações de crédito que servem como lastro.
Quanto à tributação desses ativos, nada foi anunciado, mas os bancos públicos e de médio porte aproveitaram para alongar os prazos das emissões, garantindo por mais tempo uma fonte de captação de recursos relativamente barata. Por isso, é cada vez mais raro encontrar emissões com vencimentos abaixo de um ano.
Os bancos estão cada vez mais conservadores nas suas linhas de negócio e direcionam recursos para créditos mais pulverizados e menos arriscados, como o crédito consignado. Consequentemente, estão com apetite reduzido para rolar as operações de crédito imobiliário e de agronegócio. Uma sinalização mais clara é que grande parte dos bancos médios com nicho no agronegócio trabalha com uma projeção de crescimento da carteira de crédito abaixo da inflação, ou seja, crescimento real negativo.
A redução do montante de crédito financiado tanto para o setor imobiliário quanto para o agronegócio impacta diretamente a originação de lastro para emissão de LCIs e LCAs. Isso, por sua vez, impacta na disponibilidade desses ativos nas corretoras e private bankings.
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