Apontado pela Polícia Civil de Caçador como um serial killer, o jovem acusado de praticar dois assassinatos na cidade, no último mês de abril, deverá passar por um exame de sanidade mental. Em decisão publicada na última terça-feira, a Vara Criminal do município no Meio-Oeste do Estado determinou que Fábio da Silva, 23 anos, seja submetido a um exame médico-legal no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, em Florianópolis.
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Trata-se de uma medida para confirmar se o réu é ou não imputável, ou seja, se tinha ou não plena capacidade de entender o que fazia na hora do crime. Fábio da Silva é réu confesso e foi denunciado pelas mortes de Lucas Pereira, 22 anos, e de Clarisse Justino de Andrade, 23 anos. Lucas foi morto por estrangulamento, além de ter o corpo esquartejado e escondido em uma cova.
Clarisse foi assassinada em circunstâncias parecidas, tendo partes do corpo mutiladas. Ao ser preso, o acusado admitiu os crimes, mas disse não lembrar de detalhes dos acontecimentos. Ele ainda alegou que os homicídios seriam consequência de alucinações. Em audiência realizada na última semana, Fábio da Silva foi ouvido em juízo e repetiu o que havia dito na fase policial.
O advogado Giancarlo Schveitzer, que representa o réu nas duas ações criminais, confirmou que o pedido do exame de sanidade mental partiu da defesa, embora ainda não tivesse acesso à decisão do juiz. No despacho, o magistrado Rodrigo Dadalt aponta a existência de “fundadas dúvidas a respeito da higidez mental do acusado em sua inteireza”.
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Como a decisão diz respeito ao processo que apura a morte de Lucas Pereira, a ação ficará suspensa até que Fábio seja examinado. Não há certeza de quando a avaliação será agendada, o que deve ocorrer apenas no próximo ano. O processo que trata da morte de Clarisse tem audiência marcada para o próximo dia 25 de janeiro. Nos dois casos, a tendência é que Fábio da Silva seja levado a júri popular. Assim, o resultado do exame de sanidade mental é considerado decisivo pela defesa.
—Se for avaliado que ele tem condições mentais normais, ele deve ir a júri popular nos trâmites normais. Se for determinado que não, é outro tipo de julgamento. Nesse caso, se condenado, o juiz pode determinar que fique no Hospital de Custódia, passe por tratamento — aponta Schveitzer.
A defesa não fez pedido de liberdade provisória e Fábio deve permanecer preso até ser julgado.
Envolvimento na morte do próprio pai
Fábio da Silva iria a júri popular no último mês de setembro, em Curitibanos, mas por causa de outro crime: ele é acusado de envolvimento na morte do próprio pai, em março de 2013. Segundo a investigação, a mãe de Fábio teria assassinado o ex-companheiro com golpes de barra de ferro na cabeça enquanto ele dormia, além de também asfixiá-lo com sacolas plásticas.
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Ela admite o crime e responde por homicídio e por ocultação de cadáver. Como Fábio teria somente ajudado a levar o corpo de carro até a cidade de Santa Cecília, ele será julgado apenas por ocultação de cadáver na mesma sessão. Agendado para setembro, o júri foi cancelado porque a mulher estava sem advogado. Uma nova data será marcada.
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