Os corpos dos seis jovens mortos por traficantes da favela da Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense, neste fim de semana, estão sendo velados no Ginásio Municipal de Nilópolis, também na Baixada, desde o início da manhã desta terça-feira.

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Vizinhos, parentes e amigos lotam a quadra do ginásio e fazem orações e homenagens aos adolescentes. O enterro será realizado às 14h, no cemitério de Olinda, também no município de Nilópolis. Nenhum dos jovens tinha envolvimento com o tráfico.

– Todo mundo entrou em desespero quando a professora contou o que tinha acontecido. Ele era um aluno dedicado aos estudos, mas também era muito brincalhão. Jogava bola e tinha muitos sonhos. Estamos todos muito tristes – Clarissa Searles, 15 anos, prima e colega de turma de Josias Searles, um dos adolescentes assassinados, e estava em aula quando recebeu a notícia.

Clarissa e os alunos da Escola Estadual Nuta Bartlet Janes, onde quatro dos seis jovens assassinados estudavam, viveram momentos de pânico na tarde de segunda-feira, após a confirmação das mortes.

De acordo com a diretora Maria Cristina de Morais dos Santos, dois homens sem camisa e descalços invadiram a escola, por volta das 15h, chutaram as carteiras e aterrorizaram os alunos. Segundo Maria Cristina, muitos estudantes receberam mensagens de texto dizendo que haveria um arrastão na escola.

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– Eles começaram a me procurar desesperados e acionamos a polícia, por precaução – afirmou.

Os pais dos alunos foram chamados à escola após o incidente e o local foi fechado. A situação quase se repetiu em uma outra escola, localizada no centro de Nilópolis. Por volta das 17h, dois homens tentaram invadiram o local, mas não conseguiram. Eles ficaram do lado de fora do portão ameaçando os alunos.

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse que a chacina na favela da Chatuba é um marco negativo repudiado pelo governo e não pode ficar impune.

– A violência contra a juventude é uma violência contra todos nós. Estamos comprometendo uma geração com tamanhos índices de violência. O governador Sérgio Cabral (do Rio) garantiu que todas as providências para identificar os responsáveis por essa chacina estão sendo tomadas – disse a ministra, após participar de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal.

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No início da madrugada desta terça-feira, cerca de 250 policiais militares ocuparam a favela da Chatuba em busca dos assassinos. Além dos jovens, outras seis pessoas teriam sido mortas na região nos últimos três dias.