Em represália ao assassinato de seis jovens por traficantes, no último sábado, mais de 250 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPChq) do Rio de Janeiro ocuparam, no início da madrugada desta terça-feira, a favela da Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense.
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Apoiados por blindados da Marinha, mais de cem homens do Bope se posicionaram em becos e esquinas, enquanto outro grupo entrava na favela. Não houve reação ou troca de tiros. A ocupação permanecerá por tempo indeterminado e inclui, além do Bope e do BPChq, homens do Comando de Policiamento de Área (CPA), da Coordenadoria de Inteligência (CI), do Batalhão de Ações com Cães (BAC) e do Grupamento Aeromarítimo.
Segundo a PM, a operação foi motivada pelo aumento da violência na região, que deixou ao menos 12 mortos nos últimos três dias, incluindo o assassino dos seis jovens (eles foram mortos quando tomavam banho de cachoeira no Parque do Gericinó, localizado ao lado da favela) e checar a informação de que haveria outros corpos no local.
Até o final da manhã, 11 pessoas já tinham sido presas, a maioria com posse de drogas ou já era procurada pela Justiça. Entre elas Ricardo Sales da Silva, 25 anos, e Mônica da Silva Francisco, 20 anos, que estavam com 433 papelotes de cocaína e 41 pedras de crack. Outro homem, identificado como Luiz Alberto Ferreira de Oliveira, 29 anos, o Beto Gorducho, foi preso com 50 gramas de cocaína e R$ 15 mil em dinheiro. No entanto, não foi confirmada a participação dos detidos na morte dos seis jovens.
Os policiais estão pedindo ajuda à população para que denuncie criminosos, esconderijos e locais onde estão guardadas armas, drogas e outros produtos ilegais. Motoristas e motociclistas também deverão ser abordados.
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Lugar errado, na hora errada
Amigos de infância e moradores de Nilópolis, cidade da Baixada Fluminense, e sem antecedentes criminais, os jovens mortos no sábado tinham idades entre 16 e 19 anos, e costumavam ir ao parque nos fins de semana.
Os corpos foram encontrados na manhã de segunda-feira, n0 canteiro de obras da duplicação da Rodovia Presidente Dutra, em Mesquita, na Baixada Fluminense. Estavam nus, amarrados, amordaçados e enrolados em lençóis. Foram mortos a tiros e facadas, supostamente por terem sido confundidos com traficantes de um facção rival à que domina a favela da Chatuba.
– Eles estavam no lugar errado na hora errada. Foi uma demonstração de poder dos traficantes para demarcar território. Uma barbárie injustificável – disse a delegada, Sandra Ornelas, da Delegacia de Nilópolis.
No domingo, três homens e uma mulher foram assassinados em Japeri, na Baixada Fluminense. A chacina foi cometida numa casa que funcionava como boca de fumo. Os quatro foram mortos com por tiros na testa. Entre as vítimas, estavam dois adolescentes de 15 e 16 anos.
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