Itajaí ultrapassou mil casos confirmados de dengue e já registra a maior epidemia da doença de Santa Catarina – o último surto ocorreu em 2013, quando Chapecó e Itapema contabilizaram juntos 18 casos. Apesar da previsão de estabilização nos próximos meses, o cenário do Estado preocupa a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), que teme pelo aumento do número de cidades com casos autóctones e de focos do Aedes Aegypti.

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Santa Catarina tem 17 cidades infestadas pelo mosquito e registrou, na semana passada, outros três municípios com casos autóctones: Joinville (1), Itapema (4) e Chapecó (6). Ao todo, são 1.308 casos de dengue e 3.899 focos do mosquito.

– O nosso gráfico mostra que os casos de dengue estão se mantendo e há uma tendência de redução. A maior preocupação agora é com as cidades infestadas, aumentando o risco de transmissão – avalia o coordenador do Programa de Combate à Dengue da Dive, João Augusto Brancher Fuck.

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A gerente de zoonoses e entomologia da Dive, Suzana Zeccer, explica que o país vive uma epidemia de dengue de grandes proporções, o que acaba refletindo em SC. Em 2015, segundo ela, o Estado registrou o maior número de focos e a maior quantidade de municípios infestados.

– O elo fraco desse processo é o mosquito e aí tem que entrar o trabalho das prefeituras e os cuidados do cidadão. As ações de bloqueio continuam sendo feitas, mas não dá para esperar só pelo agente – reforça.

Em Itapema a confirmação de casos autóctones de dengue era esperada pela Vigilância Epidemiológica, já que desde 2012 a cidade convive com o mosquito transmissor. Por este motivo o município antecipou o treinamento de médicos e enfermeiros para fazer o diagnóstico da doença nas unidades de saúde e no hospital. A coordenadora do Programa de Controle da Dengue da cidade, Jaqueline Ferreira, afirma que as ações de bloqueio foram feitas e as vistorias dos agentes continuam, principalmente nos bairros Centro e Meia Praia. A cidade tem 139 focos do mosquito

Para Jaqueline, não existe fórmula mágica para evitar que a cidade viva a mesma situação de Itajaí:

– Não importa o planejamento ou plano de contingência, a única forma é a conscientização. Os agentes vão nas casas, mostram a situação de Itajaí e falam sobre os cuidados, mas quando voltam constatam que está igual. Outro problema são os imóveis fechados, 50% a 60% são de veraneio.

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Balneário Camboriú é a cidade com mais focos

Apesar de não ter nenhum caso contraído dentro da cidade, Balneário Camboriú tem o maior número de focos do Estado, com 582 criadouros. No entanto, a cidade ainda não registrou casos autóctones da doença.

– O risco de um surto é iminente, por isso é importante que a população ajude a diminuir a infestação do mosquito – afirma o coordenador do Programa de Combate à Dengue, Márcio Cristiano Passing.

Além de Balneário Camboriú e Itapema, também são considerados infestados pelo Aedes aegypti os municípios de Anchieta, Chapecó, Coronel Freitas, Guarujá do Sul, Guatambu, Itajaí, Joinville, Palmitos, Passo de Torres, Pinhalzinho, Planalto Alegre, São Miguel do Oeste, Serra Alta, Xanxerê e Xaxim.

Mais de 220 novos focos em um mês em Itajaí

Em pouco mais de um mês, Itajaí registrou 229 novos focos positivos do mosquito da dengue. Os criadouros foram encontrados em bairros que ainda não eram considerados infestados pelo Aedes Aegypti, como Centro, São João, Barra do Rio e Vila Operária. No total, agora já são 445 focos na cidade.

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O coordenador do Programa de Combate à Dengue, Lúcio Vieira, explica que a incidência do mosquito na cidade é altíssima e preocupa os agentes. Segundo ele, dos novos focos encontrados 45 estão em casas e 157 em comércios.

– Começamos a trabalhar esses bairros e a incidência do mosquito está sendo corriqueira. O morador ainda não abriu o olho. Nossa preocupação é que no próximo ano esses locais possam registrar casos – comenta.

Apesar dos novos focos, os bairros São Vicente e Cordeiros continuam sendo os principais afetados pela doença na cidade, que registrou 1.155 casos em 2015. Desse total, 806 pacientes contraíram a doença no município, 344 estão em investigação e cinco foram importados. Foi também em Itajaí que outras 18 pessoas, moradoras de cidades vizinhas, como Blumenau, se contaminaram.

A taxa de incidência da doença também subiu para 409 casos por 100 mil habitantes. O pico de transmissão ocorreu no mês de fevereiro, quando 122 casos autóctones chegaram a ser confirmados em uma semana. Nos meses seguintes, os pacientes diminuíram e entre o fim de março e início de abril apenas um caso autóctone foi registrado no Estado.

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Uma amostra basta pra confirmar doença

A Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado (Dive) atualizou na última semana o manejo dos casos suspeitos de dengue no Estado. A principal mudança, conforme o coordenador do Programa de Combate à Dengue da Dive, João Augusto Brancher Fuck, é na coleta do exame de diagnóstico dos casos suspeitos.

– Antes a gente colhia duas amostras, caso a primeira desse não reagente. Agora não colhemos mais a segunda porque a tendência de dar um falso reagente é muito baixa – relata.

Fuck diz ainda que a orientação estava incluída no guia de orientação do Ministério da Saúde do ano passado e que, inclusive, já vinha sendo praticada.