A presença de entulho em ruas percorridas recentemente por equipes de limpeza da prefeitura de Itajaí dão a impressão que a população desconhece a situação da dengue no município. Nesta segunda-feira de manhã a cidade chegou a 598 casos da doença, o que caracteriza uma epidemia concentrada, conforme a Vigilância Epidemiológica.

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O Ministério da Saúde considera epidemia quando um município atinge 300 casos da doença por 100 mil habitantes, como Itajaí conta com pouco mais de 200 mil moradores, a denominação de surto teve de ser alterada, explica a diretora da Vigilância Epidemiológica no município, Rachel Marchetti.

– Trata-se de uma epidemia concentrada porque se restringe a uma região específica do município. Noventa por cento dos casos são registrados no bairro São Vicente – informa.

A gerente de Zoonoses e Entomologia da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado (Dive), Suzana Zeccer, esclarece que a mudança na denominação de surto para epidemia é um alerta.

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– É para aumentar o olhar de cuidado com a dengue. Mas isso não se reverterá em nenhuma mudança quanto a ações preventivas e de controle no combate ao mosquito transmissor da doença – disse.

A previsão da Vigilância Epidemiológica de Itajaí é que até a metade de abril a confirmação de novos casos permaneça estável, atingindo 30% do número de suspeitos e que, posteriormente, comece a diminuir com a chegada do inverno. Até a metade de fevereiro 50% dos pacientes com suspeita do vírus tinham diagnóstico confirmado.

– Não temos expectativa de que isso acabe agora, porque há bairros do município infestados pelo mosquito, mas esperamos que o inverno seja rigoroso para ajudar a eliminar o maior número de focos – disse Rachel.

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Na literatura há casos de transmissão do vírus em épocas de frio, mas, segundo Suzana, como o mosquito demora mais para se desenvolver, acaba diminuindo a incidência de contaminação. Há preocupação, no entanto, com os ovos que estão sendo colocados pelas fêmeas do aedes aegypti, que podem durar até um ano.

– Em um pneu seco que ficou jogado a fêmea coloca os ovos. Daqui a dois ou três meses é colocado no quintal. Após seis meses, quando a água chegar até ele, o ovo vai eclodir e o mosquito vai se desenvolver – explica.

Suzana frisa que o cuidado deve ser permanente. Após a visita dos agentes, os recipientes em que havia larvas ou ovos do mosquito têm que ser mantidos em locais cobertos.

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Lixo volta a ser jogado em locais limpos pela prefeitura

Para deter o mosquito transmissor da dengue, equipes da Secretaria de Obras de Itajaí foram cedidas à Vigilância Epidemiológica para fazer mutirões de limpeza nos locais que apresentaram transmissão da doença. No entanto, a população não manteve as áreas limpas.

No fim de fevereiro, por exemplo, funcionários percorreram a Rua Otto Hoier e transversais dela, no bairro Cidade Nova. Segunda-feira, menos de um mês depois, a reportagem percorreu a rua e imediações e voltou a encontrar lixo e recipientes que podem servir de criadouro para o aedes aegypti.

Vaso sanitário, sacolas e copos plásticos, sofás, botas de borracha e até um carro podem ser encontrados em terrenos baldios. Ao perguntar à vizinhança a quem pertence o descarte, prevalece o silêncio.

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No loteamento Bambuzal, que pertence ao bairro São Vicente (infestado pelo mosquito), o cenário não é diferente. A reportagem flagrou pelo menos dois ferros velhos sem proteção de chuva para as carcaças e peças de veículos. Na Rua Navegantes, visitada recentemente pelas equipes de limpeza, havia uma bateira em frente a uma residência, já com água empossada. Ao ser questionada, a moradora disse não ter visto porque costuma dar mais atenção aos fundos do terreno, onde a filha brinca. Segundo ela, o marido vai encher a bateira de terra para fazer um jardim.