Preso em dezembro do ano passado pela Polícia Militar como sendo um dos principais integrantes do Primeiro Comando na Capital (PCC) _ organização criminosa das cadeias de São Paulo _ em Joinville, Marcos Júnior Moraes, 24 anos, foi condenado a 12 anos e cinco meses de prisão em regime fechado por tráfico de drogas, uso de documento falso e envolvimento em organização criminosa.

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O acusado foi absolvido no crime de associação para o tráfico por falta de provas. Como permaneceu preso no decorrer do processo, não poderá recorrer em liberdade. A sentença foi assinada pelo juiz da 2ª Vara Criminal, Gustavo Henrique Aracheski, na última quinta-feira.

Marcos foi preso em flagrante após ser abordado pelo Serviço de Inteligência da PM quando circulava com maconha em um Ford Fusion na zona Norte. Foram apreendidos cerca de um quilo de maconha e três quilos de cocaína. Parte da droga foi encontrada na casa do irmão dele, no bairro Jardim Iririú, e na casa dele em Piçarras, no Litoral Norte.

Na delegacia, o suspeito confessou que era encarregado de recolher o dízimo (mensalidade) para a organização criminosa PCC em Santa Catarina. Também revelou que vivia do tráfico de drogas e que já havia sido preso pelo mesmo crime.

– Pra fazer parte (do PCC) basta ser criminoso – disse em entrevista à reportagem de A Notícia.

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Uma planilha em um notebook apreendido na casa de Marcos revelou a contabilidade da organização criminosa. A polícia desvendou que o suspeito administrava cerca de 14 integrantes do PCC no Estado e que cada um pagava R$ 400 por mês à facção. O dinheiro é utilizado para proteger os membros e sustentar a organização.

De acordo com a sentença, um questionário encontrado no notebook do acusado revelava a qualificação dos integrantes, apelidos, data de batismo (quando ingressou na organização), os padrinhos (pessoas que já fazem parte e indicam novos integrantes), endereço, contato e dados bancários.

– Foi encontrado no notebook um questionário, denominado planilha do cebola mês 07, contendo dados quanto ao pagamento de mensalidades e número de associados, o que denota que o acusado detinha posição de status, porquanto responsável por repasse de informações importantes junto ao alto escalão da facção – diz a sentença.

Além dos dados dos integrantes, havia anotações de gastos com comida, gasolina e pedágio, que seriam uma espécie de prestação de contas. A contabilização do tráfico de drogas foi apreendida em folhas avulsas e cadernos.

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O Ministério Público também chegou a denunciar o irmão de Marcos por tráfico e associação ao tráfico, já que boa parte da droga foi encontrada na casa dele, e pediu a prisão preventiva do suspeito. Porém, como a prisão já havia sido negada anteriormente pelo juiz de plantão e não havia fato novo, o pedido foi negado. O caso do irmão está sendo julgado em processo separado.

Contraponto

De acordo com a sentença, o réu confessou parcialmente o crime de tráfico de drogas na fase extrajudicial, mas voltou atrás e negou o crime em juízo. Em depoimento, disse que não é traficante, mas que recebeu proposta para guardar uma sacola com a droga que foi apreendida mediante o pagamento de R$ 500.

O acusado negou ter apresentado documento falso aos policiais, mas admitiu que possuía o documento no porta-luvas do carro. Marcos também negou ter envolvimento com a organização criminosa PCC .

O advogado de defesa Alexsander Marcondes de Espindola pretende recorrer da decisão.