Insane Devotion: Infidel

De alguma forma, o hiato de 10 anos a que o Insane Devotion se submeteu foi benéfico. Se a estreia com Slaves Will Serve (2005) mostrou o grupo paranaense com vontade de fazer algo que avançasse para além da mera violência,Infidel permanece ainda mais interessante pelo fato de a experiência coletiva de seus membros oferecer abordagens mais maduras. A aura continua negra, mas adquiriu complexidade e requinte.

Golgotha, do W.A.S.P., na coluna da semana passada

Resenha de Bleeding Hate, do paranaense Division Hell

Assim, colocar Infidel no nicho do black metal sinfônico pode limitar o alcance de sua música. A tal faceta sinfônica marca forte presença, mas, ao lado dos riffs caóticos (vários calcados na linha death) e da blasfêmia vocal gritada ou urrada, a banda não se furta em utilizar sintetizadores para criar as mais diversas e obscuras camadas atmosféricas, que não minimizam o importante extremismo que se espera do gênero.

As composições são longas, mas há tanta diversidade, tantos elementos se entrelaçando, que cada minuto da audição se torna atraente e, melhor, com ocasiões onde se gera expectativa do que está por vir. Ainda que o desenvolvimento de Mass Murderer a posicione como uma síntese do que é o Insane Devotion nesta fase, temas como Son Of Hate e The Rite Of Winter não ficam atrás em termos de impacto.

Além das seis ótimas canções, o CD apresenta como bônus o já citado debut Slaves Will Serve, que finalmente encontra sua versão física. E, novamente, é na comparação entre esses trabalhos que se reforça a certeza de como o Insane Devotion desenvolveu o apreço aos detalhes. A trajetória da banda pode até ser irregular, mas a qualidade dos trabalhos ao longo do caminho falam por si. lml

Insane Devotion: Infidel

(2015 / Independente)

01. Son Of Hate

02. Obscure Blackened Night

03. Bad Machine

04. The Rite Of Winter

05. Standard Operating Procedure

06. Mass Murderer

Ben Ami Scopinho está há mais tempo em Floripa do que passou em sua terra natal, São Paulo. Ilustrador e designer no DC, tem como hobby colecionar vinis e CDs de hard rock e heavy metal. E vez ou outra também escreve sobre o assunto.