Popular ponto de encontro em Itajaí e presença certa na história e na memória afetiva do município, o Mercado Público finalmente reabre as portas neste sábado. Depois de quase um ano e meio de obras, o espaço será entregue à população no aniversário de 153 anos da cidade, completamente restaurado e com novos boxes funcionando. Para marcar a reinauguração, o Sol Diário foi até o Mercado com a professora e historiadora Marlene Rothbarth, que analisa a edificação e suas modificações ao longo dos anos e fala sobre seus aspectos históricos e culturais.

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Arquitetura

“O prédio de 1917 não era assim. No começo o estilo era bem europeu e tinha quatro torres, uma em cada abertura do Mercado. Mas houve um grande incêndio em 1936 e ele foi então reformado com arquitetura toda nova, que estava começando na época (a art déco). O fogo destruiu toda a parte de cima, que não foi mais reconstruída. Uma coisa que se mantém desde o início é o chafariz, construído por Luigi Collares. Ele é uma joia para o Mercado”.

Cores

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“A construção em si ainda é a mesma, na parte externa. O tamanho se manteve o mesmo e as portas das quatro entradas são as mesmas da inauguração. As outras portas e janelas do prédio também conservam o estilo. Já as cores mudaram e não se sabe exatamente quais eram as originais. O que se sabe é que as casas na vizinhança eram bem coloridas”. (Não foi possível identificar com estudos qual a primeira cor do prédio. O amarelo e verde atuais foram escolhidos com auxílio de especialistas, por se aproximarem dos tons usados na época).

Comércio

“Me lembro do Mercado sendo usado para aquilo que foi construído: a venda de produtos agrícolas, depois com o aparecimento de algumas vendinhas. No pátio tínhamos grandes viveiros, e no centro ficava um homem fazendo sua tarrafa para vender. Aqui se vendia aves também, naquele tempo o meio ambiente não se preocupava muito com isso. No lado de fora de uma das portas tinha a barbearia do meu tio, e ele tinha alguns fregueses bem especiais. Entre eles o doutor Ivo Stein Ferreira, que era um grande médico da cidade”.

Perfil

“Existia o que a gente chamava de venda do Seu João do Mercado. Quando eu era criança ia lá comprar bolinha de gude, que pra nós era bolinha de vidro. Tinha também um bar, que era usado pelas pessoas que gostavam de beber. Isso afastou o pessoal daqui e o Mercado ficou abandonado durante muitos anos. Até que houve nos anos 1970 uma reforma, e aí ele começou a ter esse modelo de trazer a história do que era o próprio Mercado antigamente. Essa volta foi exatamente pra tirar o estigma do bar, e pra fazer do espaço um local para as pessoas se encontrarem e vivenciarem Itajaí”.

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Retorno

“A volta do Mercado é muito importante, e existem duas correntes sobre isso. Uma é a dos defensores do patrimônio histórico, que querem que a construção seja preservada pela memória que ela representa. A outra quer que o Mercado seja um lugar de encontro, de reunir os amigos para o lazer. Seja qual for a corrente, a reabertura é importante para a cidade, inclusive para o turismo. O visitante pode vir aqui se divertir e ao mesmo tempo contemplar um patrimônio histórico”.