Infeliz é o adjetivo mais leve para classificar a série de declarações de Michel Temer no Dia da Mulher. Entre as pérolas do presidente, saiu essa: “Ninguém mais é capaz de indicar os desajustes de preços no supermercado do que a mulher”. Passei a imaginar Marcela Temer, antes de ser primeira-dama, com uma lista de compras a mirar prateleiras, reclamando do preço do tomate e do feijão. Bela, recatada e no super. Temer foi além, reconheceu o “quanto a mulher faz pela casa”. Não satisfeito, lembrou que no Brasil e em outros países a mulher ainda é tratada como “figura de segundo grau”. Ainda disse que a mulher vence restrições no mercado de trabalho. Talvez fosse interessante desfazer as barreiras no próprio governo Temer, que nasceu apenas com homens no primeiro escalão. Hoje, dos 28 ministérios, dois são comandados por mulheres. A igualdade de gênero manda abraços. As frases foram mais do que gafes. Em um evento oficial, no qual políticos preparam as falas, o presidente expressou um pensamento. Pode ser uma realidade, mas ele deveria trabalhar para mudá-la. Desta vez, só reforçou estereótipos. Nesta linha, será difícil para o “mundo feminino”, usando expressão do próprio Temer, esperar avanços do atual governo.

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Zap-zap

Poucas horas depois de receber alta do hospital Moinhos de Vento, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) reapareceu em grupos de WhatsApp do PMDB. Agradeceu as mensagens que lhe desejavam boa recuperação e garantiu que voltará ao trabalho na próxima semana.

Escadinha

Deputados da base do governo falam abertamente sobre mudanças no texto da reforma da Previdência. Parte da bancada do PMDB considera que espichar a transição é o caminho para viabilizar a aprovação da PEC. Com uma escadinha ampla, a idade mínima de 65 anos seria aprovada.

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