Citado 34 vezes por um dos 77 delatores da Odebrecht, Moreira Franco justificou que sua nomeação como ministro da Secretaria-Geral foi uma ação para “dar mais eficiência ao governo”. Se a gestão do amigo Michel Temer terá uma melhora, é exercício de futurologia. O que se sabe é que, de fato, o foro privilegiado garantirá mais eficiência à uma eventual defesa do novo ministro.
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Com quase nove meses de governo Temer, Moreira levou o cargo quatro dias depois da homologação da delação da empreiteira pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Longe da primeira instância, onde alvos da Lava-Jato acordam com policiais federais à porta, o peemedebista contará, se preciso, com o ritmo despacito da Corte. Se ele aparecerá nos pedidos de inquéritos contra políticos que virão, só o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pode dizer. Por ora, apesar do Planalto desconversar, o status de ministro parece uma vacina.
A oposição faz bem ao questionar a nomeação na Justiça. Em março, o ex-presidente Lula foi impedido de assumir a Casa Civil em condição similar. Se com o petista havia cheiro de tentativa de “obstrução ao progresso das medidas judiciais”, como registrou o ministro Gilmar Mendes na liminar sobre o caso, o que ocorre com Moreira? Questionado por repórteres, o agora ministro tentou diferenciar sua situação.
– Eu estou no governo, eu não estava fora do governo (como Lula).
No debate em questão, a frase tem o valor de uma nota de R$ 3. Estando ou não no governo, sendo ou não o secretário do programa de concessões, Moreira não tinha foro privilegiado. Em resposta às críticas, Temer classificou sua decisão como “formalização”, pois Moreira já atuava no Planalto. Se fizer outras ações do tipo, o presidente formalizará a impressão de que tenta interferir na Lava-Jato.
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Rotina
Com Moreira Franco à frente da Secretaria-Geral da Presidência, a rotina do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) permanece igual. A Secretaria de Comunicação vai da Casa Civil para a pasta de Moreira, que, mesmo quando não era ministro, já dava as cartas no setor.
Fumaça
Um dos favoritos à vaga no STF, Ives Gandra Filho ficou na tribuna de honra na cerimônia de posse dos novos ministros, nesta sexta-feira no Planalto. Presidente do TST, ele sentou-se próximo de Temer e foi citado por ele no discurso.
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