As buzinas acordaram a cidade neste domingo. Enquanto o ruído dos motores era motivo de alegria para quem comemorava o Dia dos Motociclistas e o Dia dos Motoristas, para quem não participava do cortejo o barulho da comemoração religiosa causou um despertar desagradável.
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As duas procissões costumam coincidir: sempre perto do dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas e que é comemorado dia 25 de julho. A Guarda de Trânsito de Blumenau registrou cerca de 20 ligações reclamando do barulho produzido nas duas celebrações. A Polícia Militar também registrou alguns chamados, mas informou que foram poucos e que não chegaram a enviar nenhuma viatura para verificar as denúncias. Já a Polícia Civil não registrou nenhum boletim de ocorrência por perturbação do sossego na Central de Plantão Policial.
>> Programa Silêncio Urbano não contempla eventos religiosos
Uma procissão começou na Catedral São Paulo Apóstolo, no Centro de Blumenau, e foi até o Distrito do Garcia. Nas contas do padre João Bachmann foram mais de cinco mil participantes. O religioso chegou ao número porque esgotou o estoque de terços distribuídos aos motociclistas logo após a bênção de cada veículo.
A outra procissão começou na Igreja Santa Terezinha, na rua Benjamin Constant, e seguiu até a Capela São Cristóvão, na Rua Bahia. A carreata, com o santo protetor dos motoristas na dianteira, durou cerca de duas horas e os participantes não foram contabilizados. Quem organiza os eventos, argumenta que as críticas dos que não participam deveriam ser menos duras, já que as procissões ocorrem uma vez por ano.
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– É só um dia por ano e também é uma forma de educar para o trânsito. E o barulho, é inevitável: são cinco mil motos juntas – justifica o padre João Bachmann, que puxou o cortejo também sobre duas rodas.
O diácono Hélio José Martins, 60, que ajuda a organizar a festa da igreja São Cristóvão – que ocorre há cerca de 10 anos – ressalta que o percurso escolhido passou longe de hospitais e asilos. Martins ainda concorda com o caráter educativo da carreata:
– É um dia em que as pessoas param para refletir sobre a maneira que dirigem. E assim como outras atividades culturais de Blumenau, já vai virando tradição e uma forma de reunir as pessoas.
O diretor da Guarda Municipal de Trânsito, Fábio Campos da Silva, reforça que as duas manifestações tinham autorização para ocorrer e solicitaram apoio. Porém, Silva observa que alguns comportamentos vistos durante as procissões podem ser considerados infrações de trânsito, como uso contínuo da buzina e trafegar em zigue-zague (ver tabela). O diretor informou que a participação espontânea, sem um número de participantes estabelecido, dificulta a fiscalização.
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– Mas o fato de ser um passeio não exclui a fiscalização de irregularidades. Por mais que seja tradicional, tem que ser organizado. Nas próximas edições temos que pensar em mudanças, como inscrições, ou até a proibição – observa Silva.
O QUE DIZ A LEI DE TRÂNSITO
– Buzina
É permitido o uso apenas com toques breves, como forma de alerta. O uso ininterrupto é considerado infração pelo artigo 227, sujeito à infração leve, com multa de R$ 53,20.
– Manobra em zigue-zague
Pelo menos dois artigos mencionam manobras em via pública, o 169 e o 174. Um, fala sobre dirigir sem atenção, que é considerado infração leve. O outro, cita a demonstração de domínio do veículo em manobras em via pública. Este caso é considerado infração gravíssima, com multa de R$ 192,94.
Fontes: Diretor da Guarda Municipal de Trânsito, Fábio Campos da Silva, e Código Brasileiro de Trânsito
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