Depois de mais de mil quilômetros rodados e 17 horas de viagem, o grupo Cultura do Guetto desembarcou em Joinville para se apresentar no 36º Festival de Dança de Joinville. Os doze integrantes decidiram viajar de carro de Belo Horizonte até à cidade para viabilizar financeiramente o sonho de participar, em mais um ano, da competição na categoria Danças Urbanas. Com o orçamento apertado, os dançarinos escolheram se hospedar em um dos três alojamentos coletivos disponíveis.

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Na cidade desde 17 de julho, eles estão acomodados na Escola Governador Celso Ramos, no bairro Bucarein. Ainda que estruturada, a unidade passa longe do conforto de um hotel. Ali, os bailarinos dormem no chão em colchões trazidos por eles, fazem as refeições na sala de aula e estendem as roupas e toalhas entre as cadeiras e carteiras do prédio. No entanto, as limitações de espaço não foram barreiras para impedir o grupo de levar para casa o título conquistado no Festival: a primeira e a terceira colocação na categoria solo masculino sênior de Danças Urbanas, com as coreografias A Bolha e Entre linhas, respectivamente.

De acordo com Gladstone Navarro dos Santos, coreógrafo do grupo, depois da viagem cansativa, a equipe desfez as malas e passou a ensaiar, incessantemente, no ginásio e nos corredores do colégio. Veterano na competição, ele conta que o grupo escolheu se hospedar no alojamento por ser uma boa opção de custo e benefício, já que o valor da diária é baixo, custando cerca de R$ 20.

– Nós quase não saímos do alojamento. Nem para conhecer a cidade porque precisamos focar nos ensaios. E nem para fazer as oficinas, já que não temos muito dinheiro – explica Gladstone.

Tecnologia para matar a saudade da família

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Os mineiros contam que, inicialmente, estranharam um pouco o clima da cidade, já que quando chegaram ainda estava frio. Além disso, os jovens aproveitam a tecnologia para driblar outra situação enfrentada pelo grupo: a saudade dos familiares e amigos que não puderam vir e assistir as apresentações. Todos os dias, os corredores do alojamento são usados para ligações telefônicas e conversas em tempo real para se sentir um pouco perto de casa.

Segundo os bailarinos, nem as noites frias – para os padrões mineiros – ou a saudade atrapalharam na preparação. Os ensaios intensos renderam, não apenas os dois títulos no Festival, como também, a indicação de Gladstone ao prêmio de melhor coreógrafo.

– A gente se sente pequenininho no palco daquele tamanho. Quando vi que ganhei, eu chorava e ria ao mesmo tempo, também fiquei gritando “eu vou desmaiar” – relembra o bailarino André Calton, 22 anos, que conquistou o primeiro lugar na categoria solo.

O tipo de estadia do grupo belo-horizontino é uma realidade comum a várias outras companhias de dança que vêm à Joinville durante o Festival, principalmente quando o orçamento é menor e é preciso economizar para participar. As acomodações coletivas estão disponíveis para os participantes da Mostra Competitiva, Meia Ponta, Palcos Abertos, Seminários, Cursos e Oficinas.

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Um total de 700 vagas são oferecidas nos três alojamentos. Até ontem, 552 pessoas estavam hospedadas nas acomodações, sendo 240 na Escola Celso Ramos, 84 no Colégio Germano Timm e 228 no Recanto da Paz. O número pode mudar diariamente, já que muitos bailarinos não permanecem na cidade durante todo o período de Festival.

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