O silêncio vindo dos quartos do Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, de Joinville, foi quebrado por sorrisos, movimento e magia na manhã desta terça-feira (24). O motivo foi a visita especial de bailarinos que participam do Festival de Dança de Joinville e que apresentaram coreografias de cinco gêneros da dança nos corredores e nos quartos para 60 pacientes, entre crianças e adolescentes. Mais que uma oportunidade de aproximar o artista do público que não pode comparecer aos palcos do Festival, uma lição de solidariedade e do uso da arte para fazer o bem.
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Distribuídos nas alas de internação de quatro andares do hospital, grupos vindos de Joinville e dos estados de São Paulo e Minas Gerais dançaram Jazz, balé clássico e danças urbanas, populares e contemporâneas, tirando da rotina e levando alegrias para os pequenos.
— Essa é uma apresentação que, como eu disse para os bailarinos, não só nos faz feliz porque os bailarinos se apresentam e é sempre bom estar se apresentando, mas por fazer os outros felizes. É usar a nossa arte para fazer o bem e trazer felicidade. A gente sabe a diferença que faz as vezes num tratamento, quando se está ou se sente feliz. E é isso que eu espero, trazer felicidade a essas crianças que estão tão carentes neste momento e que, se Deus quiser, vão sair daqui bem e felizes — estou a bailarina Ana Botafogo.
Ana é curadora do Festival de Dança de Joinville e fez questão de estar presente na atividade junto dos também curadores, Thereza Rocha e Caio Nunes. Para a psicóloga do Infantil, Ana Karina Diener, a percepção da artista é a mesma para as famílias que estão no hospital, uma vez que essa interação traz uma descontração necessária para o ambiente hospitalar, que, às vezes, pode ser pesado.
— O ambiente hospitalar ele pode ser muito difícil, muito hostil, pelos procedimentos que são invasivos, por você não estar na sua casa, então é tudo diferente, é uma situação difícil e estar internado não é bom, o bom é estar em casa, certo? E quando vem alguém de fora que traga alguma coisa para distrair, esquecer e para animar um pouco esse local é um benefício porque você sai daquele pensamento que muitas crianças têm “de o que que vai ser agora?” De não poder sair para brincar, de não poder sair com os amigos. Então, é outro clima, que acalma e ao mesmo tempo agita um pouco também — explica a psicóloga.
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Ânimo a mais
Agitação e encantamento que pega de surpresa até aqueles que ainda esboçam as primeiras palavras e demonstram a alegria com o olhar. Foi o que fez o pequeno Luis Fernando dos Santos, de um ano, que fixou sua atenção em cada passo apresentado à sua frente, entre sorrisos e movimentos, como se quisesse dançar também. O menino de Barra Velha está no hospital, porque retirou um tumor e mesmo ainda sem saber, recebeu um estímulo e a torcida de muita gente para a sua recuperação.
Sensação parecida e ainda mais intensa para quem um dia já desejou ser bailarina. Esse é o caso das pacientes Nicoli Wolski, que está na primeira fase do tratamento contra uma leucemia, e para Nicolly Moraes Gomes, em tratamento para uma infecção no sangue, ambas com oito anos. As duas são amantes da dança e nesse dia tiveram a chance de ver de perto os encantos de uma bailarina na ponta dos pés.
— É uma alegria até para mim ver o quanto ela ficou feliz. Hoje ela não queria levantar, estava quieta e querendo ir para casa, mas quando fomos avisados dessa visita ela já mudou. Ficou empolgada, levantou e disse que queria participar, porque ama o balé — contou a mãe de Nicolly, Micaela Moraes.
Programação nos hospitais continua
O Hospital Infantil de Joinville foi o segundo a receber a visita dos grupos de dança do Festival. Antes, no dia 20, apresentações foram realizadas no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. Já nos dias 26 de julho, às 15h, e 27, às 10h, será a vez dos pacientes do Municipal São José e Maternidade Darci Vargas, respectivamente, conferirem os espetáculos.
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Para quem vivenciou a experiência, essa é uma programação enriquecedora do Festival não só para quem assiste, mas para quem dança. Um dos exemplos foi a emoção sentida pela bailarina Nádia Samarino, de Contagem (MG), que se apresentou pela primeira vez em uma unidade de saúde.
— Foi um dia que eu estava esperando desde que fiz minha inscrição no site, porque quando eu vi essa oportunidade de dançar para esses pacientes eu falei “eu vou, quero ir lá”, porque a gente quer dançar para todos e dançar para uma pessoa que não pode ir lá é, sem dúvidas, emocionante — relatou a jovem.
A mesma emoção sentiu Eduarda Coelho, de Barbacena (MG), que elegeu o ambiente hospitalar como o mais diferente lugar no qual já se apresentou.
— Jamais imaginei que me apresentaria um dia em um hospital e é uma experiência maravilhosa poder estar trazendo a dança para cá, porque a gente ama muito a dança e estamos passando esse amor que a gente tem para eles, dançando — completou ela.
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