Em 1985, quando o jornalista Ivan Grandi e sua esposa, a professora de dança Eleusa Lourenzoni, começaram a vir para Joinville durante o Festival de Dança, a Feira da Sapatilha era apenas uma exposição de produtos de dança montada em carteiras escolares no pátio da Casa da Cultura. Atualmente, ela é a maior feira de produtos de dança da América Latina, reunindo 115 estandes que oferecem os mais variados artigos e serviços aos participantes do Festival no Expocentro Edmundo Doubrawa, em um espaço de 2.300 metros quadrados.

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Ivan é um dos expositores mais antigos da feira. Ele era contratado para fazer as filmagens das apresentações da Mostra Competitiva, que depois eram vendidas em fitas VHS no ¿estande-carteira escolar¿ no pátio da Casa da Cultura, onde ocorriam os cursos do Festival de Joinville nos anos de 1980. Foi lá que Eleusa percebeu uma demanda ainda não atendida pelos expositores da época: a simplicidade. No dia a dia, os estudantes de dança passavam pedindo itens básicos, como grampos de cabelo, redinhas para coque, breu para as sapatilhas e linha e agulha. Mais de 30 anos depois, é isso que o estande ainda oferece e é uma referência para os bailarinos.

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– Desde que a feira ocorre no Expocentro, estamos no mesmo lugar. Esses dias, a Isabela Rodrigues, da São Paulo Companhia de Dança, veio correndo pedindo um pente, antes de participar de um desfile. Acabou levando três – conta Ivan, que só monta a ¿lojinha¿ no período do Festival de Joinville.

Ivan assistiu à evolução da Feira da Sapatilha nas últimas três décadas e hoje tem, a seu lado, estandes com collants feitos com tecidos tecnológicos, que absorvem o calor e emitem raios infravermelhos, e sapatilhas desenvolvidas após anos de pesquisa que garantem 250 mil subidas na ponta. Um dos sucessos deste ano é a experiência oferecida por uma marca de roupas, figurinos e acessórios de dança, com óculos de realidade virtual.

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Participando pela primeira vez, a loja do Rio Grande do Sul tem a brincadeira como chamariz para o estande. Ao colocar os óculos e fones de ouvido, o participante tem a sensação de estar em um teatro, se preparando para entrar no palco, da preparação nos camarins, a ansiedade das coxias, a apresentação de dança e os aplausos da plateia.

– Temos o conceito de que quem dança é mais feliz. Com os óculos, um pai pode ver como o filho se sente, para que todo mundo experimente ao menos uma vez como é estar em um palco. Provoca reações diferentes: a mais tocante foi uma mulher que era bailarina e não pôde mais dançar devido a um rompimento dos ligamentos. Ela teve a chance de se sentir no palco novamente por alguns instantes – conta uma das proprietárias, Bruna Fernandes, de 22 anos.