Desde sua 10ª edição, a cada cinco anos, o Festival de Dança de Joinville celebra mais um período ininterrupto de edições com apresentações especiais estreladas por alguns dos grupos e bailarinos destaques do evento. O motivo para estes momentos de “retorno para casa” pode ser entendido com a vibração da plateia, formada principalmente por jovens estudantes, na Noite de Gala da 35ª edição, que ocorreu na noite desta segunda-feira, 24 de julho.

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Ao ouvirem os nomes de bailarinos que viveram a mesmo experiência que eles — a expectativa da seletiva, o orgulho de ser selecionado, a ansiedade da Mostra Competitiva — e agora são profissionais em grandes companhias de dança, a ovação, os aplausos e os pés batidos no chão (marca registrada do Festival de Joinville) explodiram no Centreventos Cau Hansen.

Neste ano, a Noite de Gala — que, em sua origem, significa que um espetáculo especial, com os melhores bailarinos foi batizada justamente de Gala 35 Anos. Três companhias e 11 bailarinos com histórias que se entrelaçam à do Festival de Joinville foram as estrelas da noite, protagonizando uma obra montada especialmente para homenagear o mais importante evento de dança da América Latina, sua cidade-sede e sua arte.

A noite já começou com emoção. Antes de o espetáculo começar, houve um momento para lembrar de duas pessoas importantes para o evento que partiram recentemente: o artista plástico Jair Mendes, que criou o cartaz do Festival de Dança de 2017 e morreu em 6 de julho; e o radialista Ramiro Gregório da Silva, que foi locutor do Festival de Dança e morreu em 13 de julho.

A Gala começou com Danças Polovitsianas da ópera O Príncipe Igor, com estudantes da Escola do Teatro Bolshoi e bailarinos da Cia Jovem. Depois, bailarinos de diferentes companhias, junto com o grupo Maniacs Crew e com a Cia. Brasileira de Ballet, apresentaram trechos de obras clássicas em releituras que colocaram, por exemplo, o melhor bailarino do Festival de Joinville de 2011, Felipe Cardoso, interpretando um Romeu com passos de danças urbanas e a companhia joinvilense Maniacs Crew como o coro dos toureiros do balé Carmen enquanto os bailarinos da São Paulo Companhia de Dança, Paula Alves e Vinicius Vieira Veiga (também natural de Joinville) interpretavam o casal principal.

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Na terceira parte, quando foi apresentada Gaite Parisienne, um dos maiores representantes das artes joinvilenses assistiu a seu ¿duplo¿ no palco: Juarez Machado foi representado pelo bailarino Breno Lucena em um dos momentos do espetáculo. Transmutado no protagonista, um apaixonado pela boemia de Paris, Juarez também foi homenageado por sua obra, que apareceu como cenário da Gala.

— É muita emoção ver meus quadros, minha vida no palco, com essa garotada cheia de vida e talento. Todos são artistas, são minha tribo. É encantador ver estes jovens amando a arte. Eu é que sei, porque nasci em Joinville e, agora, vemos o tempo passando e as coisas acontecendo com o Bolshoi e o Festival. É um momento sagrado e importante que vai fazer nossa cidade ser importante não só na indústria, mas também na cultura, o que é fundamental —afirmou Juarez, após o espetáculo.

Os bailarinos Cícero Gomes, Edson Barbosa, Gustavo Rodrigues Lopes, Karen Mesquita, Mayara Magri, Melissa Oliveira e Ricardo Alves entraram em cena para contar a história do espetáculo em movimentos que tiraram o fôlego da plateia pela perfeição — e o público nem podia imaginar que os bailarinos chegaram apenas 24 horas antes do espetáculo para ensaiar. A Cia. Brasileira de Ballet atuou como corpo de baile, também demonstrando o virtuosismo dos bailarinos dirigidos por Jorge Texeira.

No final, os responsáveis pela Noite de Gala também receberam aplausos: Marcelo Misailidis, que criou a obra; João Wlamir, que colaborou na direção; e Pavel Kazarian e Jorge Texeira, diretores da Escola Bolshoi e da Cia. Brasileira de Ballet, respectivamente, que participaram do espetáculo.

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