`Não são os braços e as pernas que nos fazem dançar. A dança vem da alma¿. Com esse conceito, o 35º Festival de Dança de Joinville apresentou na tarde desta terça-feira a quinta edição da oficina de acessibilidade, que trouxe como tema: Dança Inclusiva – A dança além do corpo e a superação dos limites. A atividade aconteceu no Centreventos Cau Hansen e deu a oportunidade para que a comunidade vivenciasse o universo das pessoas com deficiência.
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A oficina foi aberta às 14h com uma palestra de Mário Cezar da Silveira, especialista em acessibilidade. Na sequência, professores do Programa de Formação Cultural Arte para Todos, do Instituto de Pesquisa da Arte pelo Movimento – IMPAR, realizaram exercícios de consciência corporal, jogos cênicos e coreográficos.
Os participantes também foram estimulados a criarem uma performance, apresentada no fim da tarde no palco da Feira da Sapatilha, no Expocentro Edmundo Doubrawa. De forma simbólica, eles seguiram do Centreventos até o local da apresentação superando desafios que fazem parte da rotina dos portadores de deficiência. Para a experiência foram disponibilizados itens como cadeiras de rodas e bengalas.
Segundo Mário Cezar da Silveira, o objetivo da ação foi provocar uma reflexão sobre os limites de cada um, que vai além da possibilidade de dançar. A dança inclusiva é apenas um dos exemplos da experiência vivida pelos participantes, que puderam entender como as pessoas com deficiência se preparam e enfrentam os desafios que surgem no dia a dia.
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— Muitas vezes desistimos de fazer as coisas por acreditar que vão além dos nossos limites. Tem gente quem tem pernas, por exemplo, mas não vai a lugar nenhum porque o que nos leva é o desejo de ir. E a dança é inclusiva por isso, ela vai além, é uma necessidade interior e está muito mais próxima do campo espiritual do que físico. Ela começa na alma — destacou ele.
Esse sentimento acompanha a bailarina recifense Amanda Pereira de Lima. Ela tem síndrome de Down, dança balé desde os quatro anos e pela primeira vez, aos 20, subiu em um palco da Capital Nacional da Dança. Foi dela a responsabilidade de coroar a apresentação da oficina de acessibilidade na Feira da Sapatilha.
Amanda desembarcou em Joinville no sábado como convidada para participar do Festival de Dança. Ela foi colocada no Balé pela mãe, Ana Paula Silva de Lima, para fortalecer a coordenação motora e os laços da menina com os colegas da escola. Hoje, 16 anos depois, é um dos exemplos de que a inclusão por meio da arte é possível.
— No começo foi um desafio muito grande, mas a dança mudou a vida dela. Ela ganhou mais autoconfiança e hoje a dança é a vida dela — conta Ana.
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Incentivo e capacitação
Cerca de 80 inscritos, entre pessoas com deficiência, familiares, bailarinos, professores, coreógrafos e membros da comunidade utilizaram a tarde de terça-feira para participar do encontro inclusivo. Entre eles, seis educadores do Centro Dia da Apae de Joinville, que atende pessoas com deficiência em situação de risco e vulnerabilidade social.
Conforme a psicóloga do Centro Dia, Renata Braga, os profissionais da entidade decidiram passar pela experiência em busca de capacitação.
— Viemos para ter essa vivência do universo da pessoa com deficiência para ter uma noção de como o outro se sente e qual a melhor forma de ajudá-los a superarem seus limites — disse ela.