Enquanto o sindicato da categoria e Prefeitura não entram em acordo, a greve dos servidores do Hospital Municipal São José, em Joinville, continua. Nesta quinta-feira, o movimento entrou no 25º dia com um saldo de pelo menos cem dos 197 leitos fechados, consultas e exames do setor de oncologia e outras especialidades reduzidos, cirurgias eletivas adiadas por tempo indeterminado e pronto-socorro abarrotado com cerca de cem pacientes recebendo atendimento precário em macas nos corredores.

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O bombeiro voluntário Salésio Coan Sombrio, 71 anos, que por 40 anos ajuda a resgatar vidas, hoje passa dificuldades no hospital. No dia 28 de julho, ele foi surpreendido pela síndrome de Guillain-Barré, uma doença que atinge o sistema nervoso. Ele chegou caminhando na unidade e, três dias depois, estava com todos os movimentos do corpo comprometidos. Segundo a filha, Adriana Sombrio, ele deveria ir para um quarto. Por enquanto, Salésio está na sala de emergência de apoio e possivelmente será encaminhado ao pronto-socorro.

– Se sair de lá (emergência de apoio), ele vai para o corredor. Mas é uma tristeza, isso deixa o paciente ainda mais doente – lamenta Adriana.

Outro paciente que passou por dificuldades foi Erico Alvino Albrecht, que aos 80 anos sofre com câncer nos pulmões. Ele foi para o hospital depois de sentir fortes dores, no dia 28 de julho. De acordo com a afilhada Scheila Hardt Vogt, que estava nesta quinta no hospital na companhia da filha Sabrina, a internação atrasou por falta de pessoal. Ele chegou a ficar alguns dias no pronto-socorro. Na última quarta-feira, foi transferido para a sala de emergência de apoio. A afilhada relatou ainda que pode sentir o estresse dos profissionais sobrecarregados com a demanda.

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– Enfermeiras respondiam de forma estúpida. É um desrespeito o governo não fazer nada para ajudar o povo – diz.

De acordo com o vice-presidente do sindicato dos servidores públicos, Tarcísio Tomazoni Junior, os servidores em greve se reúnem ao meio-dia desta sexta para discutir os caminhos do movimento. O sindicato está na expectativa de que a Prefeitura apresente uma contraproposta antes do encontro.

O impasse gira em torno do corte do adicional de periculosidade e insalubridade previsto em um laudo preliminar, que determinava a perda de R$ 157 nos salários de 150 servidores do hospital. O laudo definitivo diz que 113 servidores perderiam o benefício e outros 12 teriam o adicional de insalubridade dobrado, de 20% para 40% do salário.

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A Prefeitura anunciou que vai cortar o ponto dos grevistas e descontar os dias parados.