Hospital mais procurado pelos moradores da região Norte do Estado, o São José tenta se libertar dos seus graves problemas. Não bastasse a greve de parte dos servidores que completa 17 dias, a unidade convive diariamente com a superlotação. É comum ver pacientes deitados em camas pelos corredores à espera de atendimento. A reportagem de “AN” teve acesso ao hospital nesta quarta-feira e constatou essa situação.

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Pacientes que precisam ser internados se acumulam no pronto-socorro (PS), cena que se repete nos momentos de crise da saúde. O PS opera com o dobro da capacidade e metade dos funcionários. Enquanto a Prefeitura e o Sindicato dos Servidores (Sinsej) não encontram o consenso sobre o pagamento do adicional de insalubridade a cerca de 150 pessoas, o atendimento de toda a unidade fica comprometido.

Conforme o Sinsej, pouco mais de 10% dos servidores estão parados no hospital. Entretanto, dos 197 leitos da unidade, 95 estão fechados, quase 50% do total. Camas foram retiradas dos quartos e levadas para o PS. Embora o número de pessoas afastadas pareça pequeno, todo o funcionamento do hospital está comprometido.

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De acordo com a direção do São José, um exemplo disso está no centro de preparação de materiais para cirurgia e procedimentos, onde todos os servidores entraram em greve. Mesmo que quisessem continuar fazendo as cirurgias, os profissionais em atividade teriam limitações para fazê-las devido aos cuidados com os materiais. O PS, que tem capacidade para atender a 50 pessoas, mantinha 101 ontem. No setor, 44% dos servidores paralisaram.

Numa das alas, a chamada de “saguão de catástrofes”, que deveria receber apenas para atendimentos de emergência, mais de 20 pacientes estavam internados em camas colocadas uma ao lado da outra. As imagens não são muito diferentes das verificadas em outros momentos, sem greve e com os corredores lotados.

O que diz a prefeitura

Quase uma semana depois de o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) considerar ilegal a greve no Hospital São José de Joinville e de a Prefeitura receber um laudo que determina quem tem e quem não tem direito a adicional de insalubridade na instituição, o impasse continua. De acordo com o secretário de Comunicação, Marco Aurélio Braga, que tem falado em nome da Prefeitura, a greve foi precipitada, já que não houve nenhum desconto na folha de pagamento dos funcionários e a paralisação foi adotada com base em um laudo preliminar, antes de qualquer discussão ou negociação com a Prefeitura.

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O que diz o Sinsej

O vice-presidente do Sinsej, Tarcísio Tomazoni Júnior, diz que a entidade ainda não foi notificada da decisão do Tribunal de Justiça. Ele protocolou um ofício no gabinete do prefeito para antecipar a audiência marcada para amanhã. Os grevistas não abrem mão do adicional de insalubridade para todos os funcionários do hospital, pois consideram que a instituição é um ambiente insalubre. Os grevistas também reivindicam o fornecimento de uniforme, extensão de gratificação de alta complexidade e o pagamento de adicional de insalubridade aos setores que atendem a pacientes com doenças infectocontagiosas.

Quem tem direito ao benefício

O pagamento de insalubridade não é automático, mesmo em ambientes considerados de risco. Ele é regido pela Norma Regulamentadora nº 15 (NR15), que beneficia profissionais em atividades e operações insalubres. Esta norma determina quais os agentes nocivos e os respectivos graus de tolerância a que os funcionários estão submetidos. Os agentes mais comuns são ruídos, radiações ionizantes e agentes químicos e biológicos, caso de um hospital. Mas é uma perícia ou laudo que determinará o grau e o risco a que cada colaborador está submetido.

Reflexo no Regional

No Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, o principal reflexo da greve do São José é o aumento do número de atendimentos de pacientes em estado grave. Desde o dia 13 de julho, 1,1 mil atendimentos foram realizados. Segundo a diretora do hospital, Tânia Eberhardt, o Regional tem orientado as pessoas que têm problemas menos graves a procurarem os postos de saúde do município. Para ela, o número de procedimentos durante a greve está na média de outros períodos, mas a gravidade com que chegam à unidade é o que mais preocupa.

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