A cidade de Gaspar, na região catarinense do Vale do Itajaí, foi neste último domingo destaque nacional em reportagem do Fantástico pelos processos de adoção da cidade. A matéria questinou a rápida decisão de juízes e promotores em casos de adoção sem aparentes justificativas legais e concretas para que as crianças fossem retiradas dos seus pais – todos pobres e em condições vulneráveis.
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”Em alguns casos, visita prejudica”, diz coordenadora de abrigo em Gaspar
Juíza e promotora divergem sobre adoções em Gaspar, Santa Catarina
Um dos casos revelados foi a história de um bebê que já era alvo de uma disputa judicial por sua guarda com apenas um ano e 11 meses. Distante do sono tranquilo no abrigo Casa Lar Sementes do Amanhã, em Gaspar, seus tios brigavam incansavelmente na Justiça pela guarda.
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Após um ano e sete meses, no último dia 15 deste mês, eles conseguiram na Justiça a guarda provisória da menina por seis meses. Agora, o próximo passo é garantir a adoção definitiva.
Em fevereiro de 2012, o pai biológico perdeu o poder familiar sobre a filha. Diante das condições da mãe, também menor de idade e com problemas psicológicos, e do pai, desempregado, a juíza Ana Paula Amaro da Silveira, titular da Vara da Infância até o ano passado, entendeu que a menina deveria ser adotada por outra família. Os tios, Zilda e Manoel Giacomoni, chegaram a ficar dois meses com a menina em casa, até que o Conselho Tutelar a levou para o abrigo. A atitude revoltou a família.
Revolta é pelo medo de ser adotado
– É direito da criança permanecer com a família extensa (parentes). Mesmo assim o processo ficou engavetado durante oito meses. Fomos durante um tempo família acolhedora. Apegamo-nos à criança e entramos com o pedido de guarda – disse.
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De acordo com Zilda, a indignação foi pela demora em resolver a questão e o medo de que a menina fosse adotada por outra família.
Pelo menos outras cinco mães de Gaspar que tiveram os filhos retirados em processos rápidos também questionam a perda das crianças. A maioria dos casos envolve pessoas carentes com sinais de desestruturação familiar.