”Em alguns casos, visita prejudica”, diz coordenadora de abrigo em Gaspar

Gaspar possui três abrigos, sendo o Casa Lar Sementes do Amanhã o único que recebe crianças com até 12 anos de idade. A coordenadora Gislaine dos Santos explica que as crianças chegam ao abrigo por determinação judicial para serem atendidas por especialistas.

:: Famílias questionam adoções no município de Gaspar

Diário Catarinense – Os pais podem ver as crianças no abrigo?

Gislaine dos Santos – recebemos crianças com diferentes tipos de violência. Algumas chegam com determinação judicial e proibição de visitas. Em alguns casos, a visita da família pode prejudicar os estudos da criança ou oferecer uma influência negativa sobre a criança. Ao estudar a situação da criança percebemos que a família não está aderindo às solicitações da equipe. Nesse caso, a orientação da proibição pode ocorrer no decorrer do processo.

DC – Familiares reclamam que a localidade da Marinha, no Bairro Bela Vista, é um local onde é comum as famílias perderem seus filhos. Isso acontece?

Gislaine – A Marinha é uma área de onde já recebemos muitas crianças. É um local de invasão e com problemas com tráfico de drogas. Mas recebemos crianças de todos os bairros em Gaspar e Ilhota. Atualmente, não temos nenhum grupo de lá.

DC – Familiares contestam que as crianças são retiradas e adotadas por outras famílias em pouco tempo. Você concorda?

Gislaine – Nove meses na vida de uma criança é muito tempo. Se em nove meses a família não conseguiu se ajustar, é muito injusto que a criança fique esperando a família se reorganizar. Com o distanciamento, a família vai perdendo o vínculo, a criança pequena tem a tendência a esquecer muito fácil. É desculpa do familiar que não conseguiu se reorganizar. É mais fácil responsabilizar os outros. Ninguém entra na casa de ninguém se não houver denúncias. Aqui no abrigo, 65% retornam para família natural ou parentes.

DC – Denúncias das adoções de Gaspar questionam o trabalho da juíza Ana Paula Amaro da Silveira. O que você tem a dizer sobre isso?

Gislaine – Tínhamos até então uma juíza muito comprometida e muito competente. A coisa com ela tinha que acontecer, a família tinha que dar a contrapartida o quanto antes. Ninguém adota adolescente.