Na seleção nacional mais concorrida da história da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, com 121 candidatos por vaga, relatos de superação são o que não faltam entre os 838 finalistas selecionados para fazer as audições neste fim de semana. Candidatos de 21 Estados brasileiros e da Argentina precisaram ser criativos, fazer sacrifícios e lutar muito para conseguir chegar a Joinville. Tudo isso para tentar uma das 40 vagas de bolsas de estudos na filial da escola russa em Santa Catarina, em uma seletiva tão concorrida quanto um vestibular para o curso de medicina.
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Bolshoi de Joinville faz seletiva para novos alunos com recorde de inscritos
Juan de Jesus Santos tem 13 anos e faz balé desde 2016. Ele é natural de Itabuna (BA) e passou na pré-seleção do Bolshoi, sendo selecionado para participar da etapa final em Joinville. Quando a família descobriu da aprovação, começou uma força-tarefa para viabilizar a viagem.
O pai Erivanildo Santos, 35 anos, conseguiu ajuda de amigos da família e de colegas de escola do filho para fazer uma vaquinha online e arrecadar dinheiro. Também organizou rifas, feijoadas e diversos meios de reunir recursos o suficiente para o filho fazer a seleção.
— Foi muito difícil, mas se não fosse com a ajuda dos amigos não estaríamos aqui hoje — garante.
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Para Juan, o sonho em se transformar em bailarino pela Escola do Teatro Bolshoi no Brasil ficou mais perto. Ele diz que já é um vitorioso, independentemente do resultado das audições deste fim de semana, mas faz questão de agradecer todos os que ajudaram na viagem.
Presente de aniversário
Júlia Folle, de nove anos, faz a seleção em busca de um presente de aniversário -comemorado neste sábado. Segundo a mãe, Fabiane Folle, 36 anos, a família sonhava em ver a filha ser bailarina desde a gravidez. Quando a menina nasceu, os médicos disseram que Júlia poderia ter dificuldades motoras e intelectuais.
— A gente nunca deixou de estimular ela e conseguimos vencer essa barreira. O que aconteceu foi que a Júlia se destacou em todas essas áreas — conta a mãe.
O desejo de fazer balé começou cedo e depois de começar a fazer as aulas, aos cinco anos, a menina se empolgou ainda mais com a ideia de se tornar uma bailarina. A vontade se tornou um sonho, que agora ela busca realizar.
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Cláudia Vitória dos Anjos de Lima, de nove anos, mora com os pais em Queimados (RJ). A mãe Taciana de Lima Silva é dona de casa e o pai está desempregado, mas assim como fazem para pagar as aulas de balé mensais da filha, eles correram atrás de ajuda para ela participar da seletiva do Bolshoi.
— A professora de balé dela falou comigo que o estúdio ajudaria a bancar a viagem. Fizemos rifas, as mães e professoras se reuniram para fazer doações, e só estamos aqui hoje por causa deles — conta a mãe.
Cláudia foi uma das 5.873 crianças e adolescentes inscritas para as pré-seleções que aconteceram em 26 cidades brasileiras e pelo site do Bolshoi. Do total de inscritos, 4.870 eram crianças, nascidas de 2007 a 2009, e que concorrem a 40 vagas para ingresso na primeira série. Candidatos que já têm conhecimento em dança, também se inscreveram, somando mil concorrentes.
Os finalistas selecionados para a etapa em Joinville passam por dois tipos de audições de sexta-feira a domingo. A primeira é a médico-fisioterápica, quando fisioterapeutas, médicos e professores de educação física analisam postura, estrutura e habilidades físicas, motoras, freqüência cardíaca e respiratória, percentual de massa corpórea e somatotipo, força, musculatura, articulações. A segunda foi a artístico-musical e cognitiva, quando profissionais da dança, músicos e professores avaliam as habilidades técnicas e artísticas, musicalidade, projeção cênica e também o desempenho intelectual dos candidatos.
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