O gramado em frente ao Hospital Ruth Cardoso em Balneário Camboriú, Litoral Norte de SC, virou palco de uma manifestação na tarde desta sexta-feira. Inconformada com o atendimento prestado ao garçom Oneres Alves Peixoto, 50 anos, que morreu quinta-feira de manhã, a família encheu a grama de folhas pretas com mensagens de protesto. “Existe lei para esse descaso com a vida?”, “Leito especial: cadeira de rodas até a morte” e “A vida pede socorro” eram algumas das frases que compunham os cartazes.
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A mulher dele, Jaqueline Mattos, 31 anos, conta que o sofrimento de Oneres teve início no último domingo. Com dores fortes em decorrência de uma cólica renal, ele procurou atendimento na emergência do Ruth Cardoso. Como o pronto-socorro estava lotado, foi encaminhado ao Pronto Atendimento (PA) da Barra. Lá, segundo Jaqueline, ele recebeu medicação contra a dor e foi liberado em seguida.
Segunda-feira Oneres voltou a sentir fortes dores nas costas e foi novamente até o PA da Barra, onde mais uma vez foi medicado e liberado.
O estado dele se agravou quarta-feira de manhã, quando o cunhado o levou até o Ruth Cardoso.
– Ele já estava mal, não conseguia nem andar e ninguém fez um exame para ver o que ele tinha – desabafa Jaqueline.
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De acordo com ele, disseram ao seu irmão que Oneres não precisava ficar internado. Quando ela chegou em casa do trabalho no fim da tarde Oneres já nem falava mais. Mais uma vez, ela e o irmão o levaram até o Ruth Cardoso.
– Colocaram ele em uma cadeira de rodas, onde ficou a noite toda. Ele nem conseguia andar e não me deixaram ficar com ele. De manhã quando voltei ele ainda estava na cadeira e suava frio, já estava enfartando – recorda.
Ela conta que foi até o médico e argumentou que Oneres estava muito mal, que não iria levá-lo para casa naquele estado. O profissional teria ido até o garçom e, após examiná-lo, o levou para fazer exames por volta das 8h de quinta-feira.
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Às 9h30min Oneres teve a primeira de três paradas cardíacas. Foi entubado, levado para a UTI e acabou falecendo.
– Foi muito rápido. Deixaram para fazer os exames na última hora, se tivessem feito antes e descoberto o que ele tinha isso não teria acontecido – acredita.
De acordo com Jaqueline, o atestado de óbito fornecido pelo hospital consta como causa da morte um infarto fulminante. O especialista que atendeu Oneres assim que ele deu entrada na UTI explicou que as paradas cardíacas teriam sido consequência de uma infecção generalizada que começou no rim. A família pretende registrar boletim de ocorrência acusando formalmente o Ruth Cardoso de negligência.
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Oneres foi enterrado no cemitério de Camboriú logo após a manifestação. Ele deixou um filho de 22 anos e duas enteadas.
Contraponto
A diretora do Hospital Ruth Cardoso, Leila Chaves Cabral, informou por telefone sexta-feira à tarde que o caso está sendo apurado.
– Se a gente entender que houve falhas em relação ao que consta no prontuário médico poderemos abrir uma sindicância – afirma.
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