O estofador Martins José dos Santos é Papai Noel há 33 anos. Todos os anos no mês de dezembro ele fecha a empresa em Balneário Camboriú para distribuir sete mil brinquedos nas cidade dos Litoral e em Brusque, onde mora. Na última segunda-feira, o trabalho de Martins, que já era conhecido na região, ganhou fama em todo país.
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O problema é que a repercussão não foi por uma coisa boa. Ele é o Papai Noel que teve o caminhão multado por estar em pé sobre a carroceria junto a outras pessoas. Em entrevista nesta segunda-feira, falou sobre o caso. Segundo Martins, o agente de trânsito foi infeliz na decisão de multá-lo.
Jornal de Santa Catarina – Como foi o fato?
Martins José dos Santos – Nós estávamos voltando de um bairro e ao passar pelo Centro, percebi que o caminhão não andava mais. Paramos, olhei para trás e vi que tinha um guarda ao lado do caminhão. Foi a pé até eles e constatei que eles estavam multando o caminhão. Perguntei o motivo da multa, e ele (o guarda) não me respondeu, não deu resposta, ignorou e simplesmente continuou a multar. Indaguei meu motorista e ele disse que o guarda mandou simplesmente desmbarcar e descer do caminhão. Perguntei qual era o motivo e ele disse que o guarda não citou os motivos, só citou que as pessoas estavam em cima do caminhão.
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Perguntei se o caminhão estava irregular, ele me disse que não tinha nada irregular, documentação em dia, documentação da carteira em dia. Perguntei qual era o motivo, então. O guarda disse que o motivo era as pessoas em cima do caminhão. O outro disse que era bom a gente quieto que já eles estavam sendo tolerantes de não guinchar o caminhão. Aí eu me alterei. Caminhão e o motorista estão em dia, guinchar por causa das pessoas? Jamais alguém poderia guinchar o caminhão, ele está em dia. Ele não quis nem saber, ignorou e foi grosseiro.
Aí, simplesmente fez a multa e disse que se subissem no caminhão ele guinchava o caminhão. O pessoal ficou todo a pé e fiquei sem apoio pra fazer a entrega do brinquedo. Tive que fazer com o carro pequeno sem as pessoas pra apoiar. Me complicou a vida.
Santa – O senhor e quantas pessoas estavam em pé?
Martins – Não posso especificar direito, mas acredito que em torno de 10 pessoas.
Santa – Há quantos anos o senhor faz isso de ir no caminhão com pessoas em pé?
Martins – Há 33 anos, meu amigo.
Santa – E sempre dessa forma, em cima do caminhão?
Martins – Sempre foi dessa forma. E por sinal, preservo realmente a segurança. Não só das pessoas que vão comigo, como também onde paramos e passamos. Por exemplo, crianças correndo. É um caminhão alto, carroceria alta, graneleiro, pra que não haja perigo de crianças quererem subir, pras pessoas de cima também não quererem sair. Jamais eu colocaria alguém em risco, que foi o que ele alegou. Naquela situação em que estava o caminhão, jamais colocaria em risco alguém.
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Sei que tem uma lei que não pode ir em cima do caminhão, coisa assim. Mas aí tamém não pode trio elétrico, caravana, festival de torneio de futebol e outras coisas. Concordo com carro pequeno, que pode botar as pessoas em risco em alta velocidade, mas estávamos devagar porque tem crianças correndo na frente, procuramos ser o mais cauteloso possível pra que não atropele ninguém. Como o Papai Noel chama atenção as crianças vêm correndo. O motorista que trabalha comigo está há muitos anos e é voluntário. São motoristas que sabem como conduzir.
Santa – A multa foi para quem?
Martins – Foi para o motorista. Ele fez em nome do motorista porque ele estava dirigindo.
Santa – Essa questão da lei que o senhor abordou, como o senhor intepreta, até porque a lei fala que não pode ir em cima do caminhão em pé.
Martins – Exatamente. O que eu interpreto é que a lei tem de ser cumprida. Não há dúvidas. Mas têm certos momentos dessas coisas que temos de ser relevantes, acredito nesse ponto. Ele pediu por que não pegamos autorização. Então se pego autorização eu posso bagunçar e colocar pessoas em cima do caminhão e sair por aí. O papel muda a segurança? Uma folha vai mudar a segurança das pessoa? O cara (guarda) foi infeliz em não ser tolerante, ele ignorou.
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Santa – Como fica daqui para frente?
Martins – Meu trabalho vou seguir, vou continuar. Não vai ser simplesmente uma pessoa, um fato isolado, que vai me deixar fazer esse trabalho. Um trabalho que faço com muito carinho e muito amor. Isso não vai me impedir de continuar fazendo.
Santa – O senhor pretende voltar a subir no caminhão?
Martins – Não tenho dúvida. Sou obrigado a fazer com o caminhão. Não tenho como levar sete mil brinquedos em carro pequeno. É um absurdo ele (guarda) ignorar esse lado. Se fosse uma bagunça, eu até seria relevante e ia considerar que ele estaria no ponto de razão. Ele ignorou e foi infeliz. Não teve jogo de cintura, não teve senso de espírito natalino. Faltou sensibilidade de espírito natalino. É um caso isolado.
Santa – Como o senhor fica depois dessa repercussão toda de segunda-feira até agora?
Martins – Me senti até mal em dar uma repercussão em um fato desse. As pessoas ficaram indignadas, as pessoas me conhecem, sabem da minha dedicação. Tenho minha firma e fecho no mês de dezembro e dedico a esse trabalho todo.
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Santa – Como o senhor se sente com o apoio do prefeito?
Martins – Tenho o maior prazer dele poder me apoiar. Eu acredito que nada mais justo do que realmente receber esse apoio dele. Como autoridade acredito que ele vai fazer alguma coisa. Tomar alguma atitude, até tirar os pontos da carteira do rapaz. O rapaz não tenhuma culpa. O culpado sou eu. O único culpado nessa situação sou eu. Eu que convoquei ele, eu que trouxe as pessoas comigo.
Santa – O senhor vai tentar colocar os pontos na sua carteira e pagar a multa?
Martins – Não tenho nem dúvida. Sou obrigado a pagar. Mas acredito que ele vai recorrer. Muitas pessoas me procuraram e vamos recorrer.