Entrevista com Ari Germer, presidente do Sindetranscol

Jornal de Santa Catarina: Que lições o senhor tira desta greve do transporte?

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Ari Germer: Nós não estávamos brigando por 1,2 mil trabalhadores, mas por uma cidade onde a segurança deixa muito a desejar. Nós saímos do Ministério Público do Trabalho com uma proposta de contratar vigilantes para os terminais, um local que é público. Isso é papel da polícia e do prefeito, de dar segurança para todos nós. Infelizmente, como a PM não tem o efetivo, brigamos para conquistar os vigilantes. O nosso objetivo era atingir até as quatro estações (de pré-embarque), mas conseguimos os seis terminais. E já tem um pacto entre os trabalhadores de fechar (o pré-embarque) se acontecer alguma coisa.

Santa: O que faltou durante as negociações para evitar a greve?

Ari Germer: Faltou o compromisso das autoridades da nossa cidade. Ontem fizemos a proposta às 8h para tentar resolver. Quando a prefeitura partiu para o meio jurídico dizendo que a nossa greve era ilegal porque não era uma campanha salarial, mas era pela segurança da cidade, a procuradoria deixou claro que queria ouvir trabalhadores. Porque se não fizéssemos alguma coisa a imprensa ia falar de uma fatalidade dentro dos terminais, das estações, ia ter que acontecer o pior para fazerem alguma coisa.

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Santa: Existe alguma outra solicitação do setor que não foi atendida e que pode se tornar o estopim para outra greve?

Ari Germer: A nossa data-base é novembro, mas agora temos um pacto com a categoria. Em janeiro na empresa Nossa Senhora da Glória nós recebemos o pagamento parcelado e foi o basta desse ano. Em relação ao salário, se atrasar o pagamento, no dia seguinte nós paramos. Hoje a empresa recebe 80% da renda adiantado, que é a arrecadação do vale-transporte. Por que eles não pagam o nosso salário em dia, já que o nosso custo é 40% do que arrecadam?

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>>> Reivindicações do sindicato divulgadas no dia 16 de fevereiro

– Os terminais devem conter seguranças profissionais (treinados, qualificados e desarmados de arma de fogo ou branca), como vigilante profissional.

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– Todas as linhas devem ter ponto final nos terminais ou em locais de grande circulação de pessoas, bem iluminados à noite, com banheiros, local de descanso e alimentação aos trabalhadores do sistema.

>>> Medidas acordadas ontem à tarde entre sindicato, Consórcio Siga e Seterb, que será executada até sexta-feira:

– Vigilantes: contratação de dois vigilantes por terminal. Um a cada turno de oito horas (das 6h30min às 13h30min e das 14h30min às 22h30min ). Todos os seis terminais terão seguranças.

– Bilheterias com porteiros: serão implantadas nos terminais do Aterro, Fonte e Fortaleza. No Aterro e Fonte as estruturas serão em forma de contêiner e terão banheiros. No Terminal da Fortaleza será reativada a estrutura que já existe.

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– Central de monitoramento: uma pessoa vai acompanhar as imagens na sede do Consórcio Siga. Caso haja alguma ocorrência a Polícia Militar será avisada. A previsão é de que a medida entre em funcionamento até o fim do fevereiro. Há estudos para que a central esteja diretamente ligada à PM.

– Melhoria da iluminação periférica: todos os seis terminais passam por uma revisão na iluminação. Na última sexta-feira, os trabalhos no estacionamento e nas entradas e saídas do Terminal do Aterro foram concluídos. O serviço segue nos demais terminais.

– Intensificação de rondas: policiais militares e e agentes da Guarda Municipal vão intensificar as rondas no entorno dos terminais.

Estações de pré-embarque: ficarão fechadas das 23h às 6h. Os ônibus circulam e haverá embarque e desembarque no ponto, porém fora da estação.

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Pontos finais: ônibus não ficarão mais parados entre o fim e começo das viagens. Funcionarão em forma de roteiro circular. Atualmente os ônibus ficam parados em apenas 21 dos 94 pontos finais. Os demais já funcionam no sistema circular.

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