O Centro de Florianópolis amanheceu vazio nesta segunda-feira, principalmente por causa da paralisação total do transporte público. Conforme anunciado na semana passada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Urbano de Passageiros da Região Metropolitana de Florianópolis (Sintraturb), os trabalhadores da categoria decidiram aderir ao protesto nacional contra a Reforma da Previdência — que pode ser votada pela Câmara Federal nos próximos dias. Desde às 7h30 da manhã desta segunda-feira, equipes de reportagem da NSC Comunicação acompanharam a situação na área central e encontraram o Terminal Integrado do Centro (Ticen) vazio, além de pessoas esperando por ônibus em vários pontos da cidade e trânsito intenso.

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Com a paralisação total do transporte coletivo, o Consórcio Fênix deixa de cumprir o mínimo de 30% necessário para manutenção do serviço. Dessa forma, a concessionária está sujeita às sanções previstas na Lei Complementar nº 034/99 (“deixar de realizar viagens preestabelecidas para cada linha sem motivo justo”) e pode ser multada em R$ 120 por viagem não cumprida.

A assessoria da Prefeitura informa que no ano passado chegou a aplicar uma punição pelo mesmo motivo. Na época, a saída encontrada foi obrigar um dia inteiro de catracas livres — o que ocorreu no Dia de Finados, em 2 de novembro.

Muitos dos que procuraram por transporte logo cedo não sabiam da paralisação e, quando foram procurar o transporte alternativo que seria disponibilizado pela Prefeitura, tiveram mais uma surpresa: até 9h boa parte das vans que estavam próximas ao terminal eram fretadas por empresas exclusivamente para buscar seus funcionários, salvo poucas exceções. De acordo com informações repassadas pela assessoria de imprensa no final da manhã, das 80 vans convocadas, 30 estariam oferecendo serviço de transporte para a população.

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A informação é que a maioria dos motoristas das vans decidiram não fazer o transporte alternativo na manhã desta segunda como uma forma de boicote. O motivo é uma discussão com a Prefeitura de Florianópolis, que se arrasta desde o fim de 2017, sobre a regulamentação do transporte de turistas na Capital.

Muitas pessoas permaneceram nas proximidades do terminal pensando em alguma forma de chegar ao seu destino, seja aguardando pelo transporte alternativo ou pedindo um táxi. Alguns desses estiveram trabalhando durante a madrugada e buscavam uma forma de voltar para casa, e outros chegavam na cidade com ônibus intermunicipal até o terminal rodoviário Rita Maria.

— Vim de Blumenau. Não sabia da paralisação e agora eu não tenho como ir até a UFSC. Acho muito injusta essa paralisação porque está todo mundo sujeito à reforma mas só o transporte é que parou, enquanto todo mundo tenta seguir com seus afazeres — comenta a professora Gisele Rosumek, que tinha apenas R$ 15 na carteira e conseguiu negociar uma viagem por esse valor com um taxista.

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Mesmo sabendo da paralisação do transporte, parte da população tentou seguir com a rotina normal e ir até o seu emprego. Entre eles está Nelson Cristóvão, de 71 anos, que trabalha no aeroporto de Florianópolis.

— Dividi um Uber de Palhoça até o Ticen e conseguiu chegar até aqui. Agora estou esperando uma van. Mas o que mais tive pena foi que eu vi muita gente voltando do trabalho da madrugada e não tinha como voltar pra casa. Vou ficar aqui pelo Ticen procurando as vans ou alguma carona que me leve daqui até o aeroporto — explica o trabalhador, que não tinha conseguido o transporte alternativo enquanto a reportagem esteve no local.

O secretário de comunicação do Sintraturb, Deonísio Linder, diz que os motoristas e cobradores do transporte público estão se reunindo com trabalhadores de outras categorias e devem fazer uma passeata na manhã desta segunda pelas ruas do Centro da Capital. Além disso, ele minimiza os possíveis transtornos causados com a paralisação.

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— Todos os trabalhadores estavam sabendo desde a quinta-feira passada, então poderiam ter se programado. Além disso, essa paralisação também é para eles. É melhor perder um dia de transporte e serviço mas poder se aposentar, do que precisar trabalhar vários anos a mais — explica Deonísio Linder.