Uma análise nas pontes Colombo Salles e Pedro Ivo Campos, feita por empresas terceirizadas a pedido do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) e entregue ao Ministério Público Estadual (MP-SC) quarta-feira, aponta falhas nas estruturas que dão acesso à Ilha de Santa Catarina.

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Entenda o caso:

:: Deinfra pode ser multado por não interditar passarelas

:: Deinfra afirma que vistoria das pontes Pedro Ivo e Colombo Salles será concluída no prazo dado pela Justiça

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:: Atraso em estudo dificulta manutenção das pontes

O relatório, concluído com um mês de atraso, recomenda intervenções a curto prazo e ressalta que tanto a vida útil das pontes quanto a segurança dos usuários estão comprometidas por problemas ligados principalmente ao desgaste do tempo e à falta de manutenção. O Deinfra aponta as passarelas de pedestres como um dos principais problemas da estrutura e pede a retirada imediata. A obra já está em andamento.

As pontes são as artérias principais do trânsito de Florianópolis, para entrada e saída da Ilha. O Deinfra estima que 150 mil veículos passem pelas estruturas diariamente. Embora ambas apresentem falta de uniformidade no concreto e fissuras nos blocos de fundação, elas não correm risco de colapso a curto prazo, segundo o Deinfra, mas sofrem um acelerado processo de deterioração.

Engenheiros identificaram que a situação mais grave está na Colombo Salles, 16 anos mais velha que a Pedro Ivo. Entre as principais recomendações está a remoção de toda a tubulação localizada dentro das pontes, passando-as para o lado de fora. Atualmente, canos de água, energia, gás e fibras óticas passam por dentro das estruturas.

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O propósito da mudança, explica o documento, é evitar que acidentes durante serviços de manutenção causem problemas à população – como aconteceu em 2003, quando um reparo na fiação elétrica causou um incêndio na ponte e levou ao maior apagão já registrado na Ilha.

O relatório foi protocolado na 1ª Vara de Fazenda Pública da Capital. São dois relatórios com mais de cem páginas, incluindo fotos, análises técnicas e relatos detalhados. O estudo feito pelo consórcio Pontes Sul é baseado em estudos técnicos, inspeções (inclusive subaquáticas) e diversos tipo de análise.

Atraso pode gerar multa

O relatório foi protocolado na Justiça no mesmo dia em que o Ministério Público (MP-SC) conseguiu uma liminar exigindo que o Deinfra se manifestasse sobre o documento. A exigência do relatório ocorreu em agosto de 2014 e dava prazo até 16 de dezembro.

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Pelo atraso, o MP-SC entrou com uma liminar, também quarta-feira, pedindo a aplicação de uma multa de R$ 80 mil ao Deinfra. O promotor Daniel Paladino vai analisar o relatório, avaliar as recomendações feitas no estudo e requisitar uma audiência com o Deinfra para estabelecer o prazo das intervenções.

Ele também teme que o relatório tenha sido protocolado de forma precipitada, já que na terça-feira teria se reunido com a presidência do Deinfra e sido informado que ainda não havia prazo para entrega do documento:

– Me preocupa que um dia antes o relatório ainda estava sendo elaborado e na quarta foi entregue. Isso aconteceu após a presidência ser informada que o MP entraria com a liminar.

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Conclusões e recomendações do Deinfra

Pedro Ivo

l A avaliação técnica recomenda remover todas as tubulações que passam pelo interior da estrutura, citando um elevado risco à população de Florianópolis.

l O principal problema apresentado é a corrosão do concreto em áreas, como nos blocos de fundação. As inspeções visuais também apontam que as fundações da ponte são as partes mais problemáticas, com exposição de armaduras em avançado estado de corrosão.

l Usar argamassa para os reparos e inibidor de corrosão para garantir durabilidade às intervenções, além de evitar que a corrosão “migre” para áreas vizinhas ao que foi consertado.

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l O fundo dos blocos deve receber revestimento à base de epóxi e óleo de antraceno, que são produtos que aumentam a resistência e a durabilidade dos materiais da ponte. As demais áreas externas devem ser protegidas por pintura de cristalização profunda de cimento, que impermeabiliza o concreto e preenche fissuras.

l Diante do avançado estado de corrosão das estruturas metálicas, o relatório pede um tratamento com jateamento e aplicação de nova pintura, que deve atender normas de segurança e meio ambiente.

l Há graves falhas no revestimento asfáltico da ponte, que danificam de forma severa as chapas de aço superiores e comprometem a resistência ao atrito da passagem de veículos. O diagnóstico recomenda a “imediata reconstituição do revestimento asfáltico”.

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Colombo Salles

l Passarelas de pedestres estão desabando e precisam ser “retiradas o mais rápido possível”, mas o estudo não se aprofundou neste aspecto porque diz que o Deinfra já está contratando tal serivço e as passarelas já foram fechadas.

l Os blocos de fundação da ponte são os elementos que mais apresentam corrosão no concreto, inclusive com a armadura exposta em alguns pontos.

l Tubulões de dois dos blocos de sustentação já perderam os revestimentos, aumentando a exposição das estacas frente à maré.

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l A maioria dos problemas são consequência da idade da ponte, do ambiente agressivo e da falta de falta de manutenção periódica.

l Segundo o relatório, são necessárias “intervenções corretivas de curto prazo” para a ponte se manter segura e longeva.

l Remover todas as tubulações (elétricas, de água, de luz) do interior da ponte, passando-as pro lado de fora.

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l É preciso também resolver diversos pontos em que há acelerado processo de corrosão, principalmente devido à maresia.

l Vedar fissuras em diversos pontos, como nas vigas-caixão e nos blocos de sustentação, com resina epóxi.

l Remover completamente as passarelas para pedestres.

*Colaborou Victor Pereira