O escritor Salim Miguel, 92 anos, está internado em estado grave em Brasília. Segundo a família, ele deu entrada no hospital na última quinta-feira (7) para tratar uma broncopneumonia. Autor de mais de 30 livros, é um dos ícones da cultura catarinense e figura importante da literatura brasileira.
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Em razão da idade avançada, os filhos informaram que o escritor já estava com a saúde debilitada. Em 2012 ele sofreu um acidente doméstico e ficou internado em estado grave em Florianópolis. Chegou a ficar em coma, mas se recuperou bem.
Salim Miguel e a mulher, a poeta e professora Eglê Malheiros, mudaram-se de Florianópolis para Brasília há cerca de dois anos para ficar mais perto de três dos cinco filhos que já moravam na Capital Federal.
Salim Miguel nasceu no Líbano e aos três anos de idade desembarcou com os pais no Brasil. Ainda criança mudou-se para a cidade de Biguaçu, na Grande Florianópolis, e desde a juventude envolveu-se com movimentos culturais e intelectuais
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Lançou o primeiro livro, Velhice e Outros Contos, aos 27 anos. Hoje é um contista e romancista consagrado, com distinções importantes ao longo dessa trajetória, entre elas o Prêmio Machado de Assis, em 2009, condecoração máxima concedida pela Academia Brasileira de Letras (ABL) pelo conjunto de sua obra.
Foi também um exímio jornalista. Escreveu para revistas como a Manchete, para a qual inovou ao propor fotorreportagens, e marcou época também como crítico literário do Jornal do Brasil nos anos 1970 e 1980.
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A família informa que o autor está hospitalizado num ¿quadro sem saída¿ e que gostaria levá-lo para casa, mas os médicos não autorizaram.
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A revolução cultural do Grupo Sul
Salim e Eglê também fizeram parte do Grupo Sul, movimento modernista que revolucionou a cena artística e cultural de Santa Catarina entre 1948 e 1957. Além da publicação de uma revista, o coletivo de intelectuais editou livros, encenou peças teatrais, promoveu exposições de arte, fundou o primeiro clube de cinema do Estado e produziu o primeiro longa-metragem catarinense, O Preço da Ilusão.
Como ativista cultural, exerceu cargos de grande relevância. Entre 1983 e 1991 dirigiu a Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), colocando-a entre as principais do país. Entre 1993 e 1996 esteve à frente da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, para a qual colaborou na definição da política cultural de Florianópolis.
Assista ao trailer do doc Salim Miguel na intimidade, dirigido por Zeca Pires: