Um dia após a Secretaria de Segurança Pública confirmar a troca de comando na delegacia regional de Joinville, o delegado Dirceu Silveira Júnior, que esteve na função por nove anos, falou em primeira mão ao jornal “A Notícia”.
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Quem assumirá o posto dele é o delegado Laurito Akira Sato, que já trabalhou em Joinville e estava no comando da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) há pouco mais de três anos.
Troca de comando não é solução, dizem entidades
Embora tenha completado os 30 anos de trabalho necessários para se aposentar, Dirceu não pensa em parar. Em princípio, pretende retornar à Delegacia de Delitos de Trânsito de Joinville, sua unidade de origem na Polícia Civil.
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Sempre cauteloso em suas declarações, o delegado não revelou a motivação da troca, mas destacou que o clamor dos policiais por mais efetivo e estrutura foi uma bandeira que assumiu e levou ao conhecimento da alta cúpula da segurança pública durante a sua gestão.
Confira a entrevista:
A Notícia – Quando o senhor soube que deixaria a delegacia regional?
Delegado Dirceu Silveira Júnior – Acho que isso é o menos importante. O que importa é que nesse longo período que estivemos gerenciando (a delegacia regional), nós sempre defendemos convicções e entendemos que em segurança pública não se pode ter paliativos, nós temos que ter providências e providências que tenham condições de ter conclusões. E essas providências é que nós sempre encaminhamos. Como exemplo temos a questão da Divisão de Investigação Criminal, os incentivos na Delegacia da Mulher, a Delegacia de Delitos de Trânsito e as próprias delegacias da região. É inegável que há necessidade de termos um incremento de mão de obra.
Esse incremento vai não só criar novas estruturas, mas também complementar as que estão aí. Nós temos excelentes profissionais na área de segurança pública aqui em Joinville. O que nós precisamos é que, somado a eles, consigamos fazer com que esse trabalho seja muito mais célere com resultados muito mais positivos como essa investigação (caso das seis mortes). Essas são as nossas convicções e nós, de maneira alguma, vamos deixar de defendê-las a que preço for.
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A Notícia – Embora o senhor sempre tenha sido muito cauteloso ao tratar dos problemas de segurança pública, a defasagem de efetivo e de estrutura da comarca foram uma bandeira que o senhor levou adiante como representante do comitê de segurança pública da SDR.
Dirceu Silveira Júnior – Isso não é um entendimento individual, há uma coletividade da Polícia Civil que reclama e clama por essa providência. Então, se nós estamos na condição de gestores e fazemos essa intermediação com a Delegacia Geral, nós não podemos de maneira nenhuma fazer com que chegue uma informação que não seja a correta. E a informação correta é que nós temos uma necessidade de incremento de efetivo aqui na região.
A Notícia – Essa cobrança pode ter motivado a sua saída?
Dirceu Silveira Júnior – A motivação nesse momento é o que menos importa. Não é essa a discussão. O que nós temos certeza e tranquilidade é que, enquanto gestores, fomos aliados e defendemos sempre convicções que nós entendíamos, não individualmente mas coletivamente, que seria o melhor para Joinville. E isso tudo foi levado a conhecimento das estâncias superiores e foi reivindicado. Nunca deixamos a opinião pública desinformada dessa situação, tanto que, quando se fez a discussão da instalação das novas delegacias de polícia nós fomos à comunidade. Os conselhos comunitários se somaram a nós, eles que identificaram onde deveriam ser instaladas as novas unidades policiais.
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A Notícia – O que o senhor pretende fazer a partir de agora. Tem planos de uma possível aposentadoria ou já recebeu algum convite?
Dirceu Silveira Júnior – Eu tenho uma lotação na comarca de Joinville, eu estou aqui há muitos anos e tenho uma dedicação profissional à cidade. Nem todas as pessoas ficam satisfeitas com relação a nossa condução de trabalho, isso é compreensível. O que importa é que nós temos um entendimento com a grande maioria, principalmente com os policiais civis e com a comunidade. Eu retorno à minha lotação original que é a Delegacia de Delitos de Trânsito aonde eu devo passar então a exercer as minhas atividades e vou ficar sempre à disposição da comunidade.
Aproveito para fazer um agradecimento público a todos os policiais civis de toda a região, porque ninguém administra sozinho. Todo o avanço e comprometimento, tudo o que se alcançou aqui na região é resultante do esforço de todos. Nós temos profissionais de altíssima qualidade. Obviamente que estão sobrecarregados e necessitando de uma atenção. Quem sabe agora com toda essa visibilidade acontecida, se o preço era eu sair da delegacia regional pra que essas situações acontecessem, perfeito. Acho que estou pagando um preço justo e vou me realizar vendo isso acontecer.
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