A troca de comando da Polícia Civil na regional Norte não foi vista com bons olhos pelas entidades que acompanham os problemas de segurança pública em Joinville. O posicionamento não está relacionado à competência do delegado Laurito Akira Sato, anunciado como substituto do delegado Dirceu Silveira Júnior – que estava havia nove anos no cargo.
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As lideranças entendem que mudar cabeças não resolve o aumento da criminalidade. Para as entidades, o problema não está relacionado à gestão e sim à falta de pessoal e de equipamentos tecnológicos que ajudem a dar efetividade ao serviço dos policiais que atuam na linha de frente. Os representantes da comunidade têm feito constantes cobranças nesse sentido ao governo do Estado.
Posicionaram-se sobre o assunto o coronel Benevenuto Chaves Neto (responsável pelo policiamento da PM na região Norte), Luiz Kunde (presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas) e Silvia de Aguiar Zavatini (presidente da Associação dos Conselhos Comunitários de Segurança). O prefeito de Joinville, Udo Döhler, não quis comentar o assunto.
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Confira o que dizem os representantes:
Coronel Benevenuto Chaves Neto, comandante da 5ª Região da Polícia Militar
– É uma pena que haja essa mudança. Tanto eu quanto os comandantes dos batalhões (da região) nos dávamos muito bem com o delegado Dirceu. Acho ele um profissional de extrema competência e capacidade. Se realmente acontecer essa mudança, o meu desejo é que ele assuma um cargo melhor ainda, que possa mudar Joinville. Desejo muita sorte para ele e vamos continuar no apoio tanto dele, quanto do próximo. Mas é uma pena porque nós tínhamos uma aproximação profissional muito grande. Claro que vamos unir esforços para ter proximidade com o substituto e ter o mesmo nível de relação que tivemos com o Dirceu. Na minha perspectiva, ele (Dirceu) estava fazendo um excelente trabalho, espero que aquele que substituí-lo dê seguimento (ao trabalho dele).
Luiz Kunde, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL)
– Eu acho que não muda muito. O Dirceu sempre foi uma pessoa muito acessível, acho que é competente. Imagino que uma pessoa que eventualmente irá substituí-lo deva se enquadrar no mesmo perfil. A não ser que o novo titular venha com outros atributos, por exemplo, com influência política de trazer mais policiais para Joinville, porque nós temos uma carência muito grande de pessoal. Mas, sobre o aspecto de desempenho, não vejo grande mudança. É mais ou menos como trocar de gerente em empresa: a gente vai trocando e se adaptando. As pessoas têm um perfil levemente diferente ou muito diferente, mas as missões a serem cumpridas são mais ou menos as mesmas, as limitações são as mesmas. Então, eu acho que não existe uma perda ou um ganho muito significativos. Acho que a gente fica com a mesma coisa.
Silvia de Aguiar Zavatini, presidente da Associação dos Conselhos Comunitários de Segurança (Aconseg)
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– Para os conselhos de segurança, o delegado Dirceu sempre foi fundamental. Posso citar como exemplo o empenho dele para ter de volta a delegacia do bairro Aventureiro _ que tinha sido fechada sem a consulta da comunidade_, a conquista de outras delegacias e a própria criação da Aconseg. Nós perdemos um aliado e parceiro de conquistas comunitárias. Com relação à troca, a gente sabe que o doutor Akira já era de Joinville, mas acho que o que falta é investir na segurança pública e não trocar o comando. A gente sabe da capacidade do Dirceu, assim como conhece a capacidade do Akira, mas o doutor Dirceu é filho de Joinville, ele vivencia e entende as comunidades de Joinville. Não adianta mudar só as peças, tem que reformular todo o conjunto da segurança pública. Para fazer inteligência policial, precisa de efetivo e de informações. Para isso, é preciso estabelecer um vínculo de confiança com a comunidade, e é o que o delegado Dirceu fazia.