O comentarista de segurança pública da Rede Globo, Rodrigo Pimentel, chamou de “efeito Al-Qaeda” as ações dos criminosos deflagradas nas últimas semanas em Santa Catarina. Pimentel, que falou durante o segundo bloco do Painel RBS, acredita que a ordem para os primeiros atentados partiu de dentro das unidades prisionais, mas que os fatos ocorridos na sequência foram produzidos por pessoas aleatórias, que usaram o nome do PCG para causar insegurança na população, como ocorre com a organização fundamentalista islâmica em todo o mundo.
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>> 1º bloco: ministro da justiça admite condições precárias das prisões brasileiras
>> 2º bloco: Rodrigo Pimentel aponta efeito Al-Qaeda em atentados em SC
>> 3º bloco: governador Raimundo Colombo garante continuidade do combate à violência no Estado
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– O crime organizado é aquele transacional, com uma hierarquia rígida, que lava dinheiro. O crime organizado aqui em Santa Catarina não tem todas essas características – ponderou Pimentel.
Para ele, o sistema prisional catarinense está acima da média e merece elogios, mas situações de agressão aos presos, como a ocorrida em Joinville, não podem ocorrer novamente.
– Criminoso assalta, sequestra, rouba banco e não queima ônibus. Se isso está acontecendo, é porque alguma coisa está errada – afirmou.
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Veja galeria de fotos do Painel RBS sobre segurança pública em SC
O ministro da justiça, José Eduardo Cardozo, percebe a situação da mesma forma. Ele apontou as péssimas condições carcerárias no Brasil como sendo as principais raízes da formação de organizações criminosas e, consequentemente, da violência em Santa Catarina e em todo o país.
– Como ministro da justiça, tenho o papel de apontar as condições do sistema prisional no Brasil – admitiu Cardozo.
O ministro destacou como medidas urgentes para resolver o problema da violência no país: construção de mais presídios e a criação de mais vagas; mais unidades de regime semiaberto; métodos alternativos e eficazes de pena; garantia de que os presidiários não cumpram penas acima daquelas que receberam, o que ajuda a evitar a cooptação destas pessoas para as organizações criminosas; e o treinamento adequado de agentes prisionais.
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Para o governador Raimundo Colombo, as medidas voltadas para Segurança Pública em Santa Catarina devem ser contínuas e de longo prazo.
– A tendência, quando acontece uma crise, é parar tudo e considerar errado tudo o que foi feito antes. Não acho que deve ser assim. Vínhamos com um trabalho de qualidade e vamos continuar com medidas de longo prazo – defendeu o governador.
Colombo disse ainda que vai manter o gabinete de crise em atividade e garantiu que a polícia catarinense é capaz de manter a paz no Estado depois da saída da Força Nacional.
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Para lidar com os problemas no sistema penitenciário catarinense, o governador apontou o afastamento de agentes penitenciários, principalmente no caso das denúncias de maus-tratos no presídio regional de Joinville, como uma medida muito importante. A criação de novas vagas e contrução de mais presídios também foram colocadas como essenciais.
Quando perguntado sobre qual modelo de presídio considera mais eficiente, Colombo indicou a penitenciária industrial de Joinville.
– O custo inicial é mais alto, mas tem melhores resultados – comentou o governador.
>> Leia mais sobre a onda de atentados em Santa Catarina
O presidente da OAB Santa Catarina, Tullo Cavallazzi Filho, destacou o papel da instituição nas questões de segurança pública. Para ele, a OAB deve fiscalizar a situação dos apenados e os advogados devem repassar as situações de violência e descontentamento em tempo real para que as autoridade possam tomar providências. Cavallazzi ressaltou ainda que as investigações dos advogados presos nas últimas semanas continuam.
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– É uma exceção, que fique muito claro. Milhares de advogados frequentam os presídios e conversam com os presos dentro das normas estabelecidas. Se for comprovado que houve atuação destes advogados, eles serão suspensos temporariamente já na semana que vem. Advogado que pratica crime não é advogado, é criminoso – declarou.
Sobre o tratamento de menores criminosos, o ministro José Eduardo Cardozo disse discordar radicalmente da redução da maioridade penal. Para ele, infelizmente no Brasil os presídios não só não “corrigem” os criminosos, como agravam sua condição.
– Os presidiários entram como pequenos delinquentes e saem como membros de organizações criminosas – afirmou.
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O governador Raimundo Colombo admitiu que o Estado precisa avançar e acelerar o trabalho nessa questão. Ele associa o envolvimento de jovens no crime com o problema das drogas, em sua opinião um dos grandes males da atualidade no Brasil e em Santa Catarina.
– Precisamos ter planos para a nossa juventude. Nunca fui a favor da prisão de menores, mas acho que alguma coisa deve ser feita para evitar a cooptação desses jovens para o crime – opinou Colombo.