Enfim o balanço da Petrobras foi divulgado, evitando a antecipação do vencimento de dívidas futuras no montante de R$ 332 bilhões. E esta divulgação resolve o problema da companhia? Não, mas ajuda agora a management a focar no operacional da empresa.
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As perdas com corrupção somaram R$ 6,2 bilhões, porém a desvalorização dos ativos (impairment) atingiu números estratosféricos de R$ 44,6 bilhões, o que gerou o impacto no resultado da companhia de R$ 21,5 bilhões de prejuízo em 2014, o primeiro revés anual desde 1991.
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A companhia resolveu um primeiro problema, que era a divulgação do balanço, mas agora precisa resolver os problemas de má gestão, elevado endividamento, venda de ativos, tentar mudar o modelo de partilha e o conteúdo nacional. Muito trabalho e diversos questionamentos continuam no futuro da Petrobras.
Um destes questionamentos, e o que mais me chama atenção e sobre o qual pouco tem se falado, é o caso das ações de processo coletivo nos Estados Unidos, conhecido como class actions. Nestas ações, os investidores prejudicados alegam fraudes e buscam ser ressarcidos pelos prejuízos.
Na crise de 2008, as empresas Aracruz e Sadia foram processadas e tiveram que fazer acordos milionários para encerrar o julgamento. O caso da Petrobras é ainda pior, pois os números são imensamente superiores. Além disso, o caso não se circunscreve apenas à esfera cível (reparação de danos patrimoniais a investidores). Ele engloba também o Departamento de Justiça, que conduz investigações criminais.
Para se livrar dos julgamentos criminais e administrativos nos EUA, a Petrobras terá que fazer acordos, e os números tendem a ser bem relevantes. Triste para o acionista brasileiro, que pode pagar a conta duas vezes, tanto com os desvios e corrupção quanto nos processos, já que esse dinheiro dos acordos sairá do caixa da empresa.
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Nossa opinião? Continuamos céticos com a Petrobras, devido ao seu elevado grau de alavancagem financeira, as incertezas com os inúmeros processos dentro e fora do País e o impacto negativo no segmento de exploração e produção, com um petróleo negociado a níveis cada vez mais baixos.