Uma empresa de informática de Florianópolis estaria diretamente envolvida no esquema investigado pela operação Falsa Impressão, deflagrada nesta terça-feira pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco).

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A investigação apura suspeitas de superfaturamento envolvendo o poder público na Grande Florianópolis e cumpriu mandados de busca nas câmaras de vereadores da Capital, de São José e Palhoça, além da prefeitura de Biguaçu.

O proprietário da Escrimate Comércio e Representação de Materiais de Escritório e Informática Ltda – que faz aluguel de impressoras, manutenção de computadores e consultoria em tecnologia da informação – é um dos seis detidos, afirma o responsável pela apuração.

Segundo o promotor Alexandre Reynaldo de Oliveira Graziotin, que coordena o Gaeco da Capital, seis pessoas foram detidas temporariamente, sendo cinco homens e uma mulher. No grupo estariam dois servidores da Prefeitura de Biguaçu e quatro pessoas ligadas à Escrimate.

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O caso corre em segredo de justiça e, por isso, o Ministério Público (MP-SC) não divulgou o nome da empresa.

A informação acabou sendo confirmada pela própria Câmara de Vereadores de Florianópolis em comunicado publicado nesta terça-feira. Conforme a assessoria da casa, a Escrimate é contratada desde 2012, fornecendo serviços relacionados a impressoras e materiais diversos, como cartuchos de toner.

Embora o promotor tenha se negado a divulgar o nome dos detidos, confirmou que o proprietário da empresa investigada é um deles. Os seis estão no Presídio de Florianópolis, no bairro Agronômica, e devem dar seus depoimentos nesta quarta e na quinta-feira.

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Empresa e advogado preferem não se pronunciar

A operação deflagrada pelo Gaeco na terça-feira cumpriu mandados de busca em três câmaras de vereadores e na Prefeitura de Biguaçu. Também esteve na sede da Escrimate para apreender documentos que comprovem a negociação fraudulenta.

A ação tinha como objetivo registrar os equipamentos que teriam sido fornecidos pela Escrimate e verificar se os mesmos são os descritos nos processos licitatórios. De acordo com o promotor Alexandre Graziotin, a empresa de informática que se envolveu no esquema teve faturamento de R$ 10 milhões em 2014, além de triplicar de tamanho nos últimos três anos.

– Ao longo da investigação, verificamos que a entrega dos suprimentos não batia com o que era discriminado nos documentos. Estamos ouvindo diversas pessoas e, paralelamente, continuamos fazendo as buscas e analisando o material apreendido – afirmou Graziotin.

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A Escrimate foi fundada em 1995 e tem escritório no bairro Estreito, área continental de Florianópolis. Além das cidades onde houve ação do Gaeco, a empresa possui contratos diversos com municípios, como Jaraguá do Sul e Itajaí – o que pode resultar em novas operações nestes locais, segundo o MP-SC.

O Diário Catarinense entrou em contato com a sede da Escrimate no começo da tarde desta quarta, mas funcionários informaram não ter autorização para falar em nome da empresa.

A reportagem também acionou o advogado da empresa, mas o mesmo preferiu não comentar a operação. Segundo Leonardo Tatim, como a apuração ainda não foi concluída e o caso corre em segredo de justiça, seria “um desrespeito à justiça, aos acusados e ao Ministério Público” se pronunciar neste momento.

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Investigação começou após denúncia anônima

A Falsa Impressão apura as práticas de associação criminosa, fraude em processos licitatórios e corrupção ativa e passiva. O conluio envolveria o fornecimento de equipamentos mais baratos que os descritos na licitação.

Se a concorrência determinava a utilização de um item original, exemplifica o promotor Graziotin, a empresa repassaria um mais simples ou de marca mais barata. A diferença entre o valor oficial e o real iria para os envolvidos.

A investigação começou após uma denúncia anônima em 2013. Como o Gaeco não concluiu o trabalho de registro dos equipamentos nem colheu depoimentos dos detidos, ainda não há como estimar a quantia subtraída dos cofres públicos.

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O Gaeco é uma força-tarefa composta pelo MP-SC, Secretaria de Estado da Fazenda, Polícia Civil, PM e PRF. Até a manhã desta quarta-feira, mais de 300 equipamentos haviam sido analisados pelo grupo. A missão da tarde é concluir a análise dos equipamentos restantes na Cãmara de Florianópolis e na Prefeitura de Biguaçu.