Margareth Aparecida Marcondes, que ficou conhecida como a “doceira dos bombons envenenados” foi condenada a dez anos e oito meses de prisão em regime fechado, por tentativa de homicídio triplamente qualificado no processo que responde em Joinville.
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As qualificadoras significam que o crime foi cometido por meio cruel – em virtude das várias pancadas que a vítima recebeu com um rolo de macarrão; por impossibilitar a defesa da vítima – que teria sido atingida pelas costas; e pelo fim de assegurar a ocultação de outro crime: o envenenamento de quatro jovens no Paraná.
A ré está presa desde 2012 no Complexo Médico-penal do Paraná. A defesa ainda vai avaliar se entrará com recurso de apelação ou pedido de progressão de regime.
O julgamento que durou aproximadamente oito horas foi acompanhado pela vítima – o ex-companheiro da doceira, Nercival Cenedezi. O homem pouco se lembra do que aconteceu no dia 20 de março de 2012. Apenas recorda que a mulher o buscou no trabalho para almoçar.
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As próximas imagens em sua mente são de um leito de hospital, onde permaneceu internado até se recuperar do traumatismo e da hemorragia craniana, além de fraturas na face. Nercival ainda carrega sequelas na fala e na audição.
– Alguns fatos que ela comentou não existiram, está tentando amenizar as coisas. Espero que ela seja condenada – declarou o ex-companheiro durante o julgamento.
O Ministério Público, representado pela promotora Amélia Regina de Souza, sustentou a acusação de que Margareth agrediu o marido com a intenção de matá-lo. Para a promotora, a mulher cometeu o crime com a finalidade de ocultar o envenenamento dos jovens no Paraná.
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Segundo a denúncia, a doceira gastou o dinheiro pago para organizar a festa de 15 anos de uma das vítimas. Por isso, teria enviado os doces envenenados à aniversariante para que ela ficasse doente.
Assim, a festa seria adiada e ela teria tempo de recuperar o dinheiro. Esta versão foi dada pela ré em depoimento à polícia.
Margareth se contradisse nas declarações que deu ao longo do processo. Ela chegou a negar que teria agredido o marido tanto em juízo quanto para a própria filha. Mais adiante, voltou atrás e retomou a autoria do crime. O depoimento no júri foi longo e envolto de emoção. Em meio as lágrimas confessou a agressão, mas afirmou que não teve a intenção de matar.
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Ela acusou o ex-companheiro de provocá-la com palavras de deboche, comportamento que supostamente a tirou do sério. Margareth expôs um relacionamento conturbado, diferente do que foi apresentado pelo ex-companheiro, pela filha e por um amigo do casal.
Sabrina Marcondes Prestes, filha de Margareth, quase não conseguiu se pronunciar. A promotora Amélia a poupou de muitas perguntas, pois a jovem já prestou depoimento no processo sobre o envenenamento no Paraná.
– Sempre foi boa mãe, era uma pessoa normal. Foi uma surpresa muito grande – disse ela, com voz embargada.
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Margareth encerrou o depoimento com um pedido de perdão:
– Quero pedir perdão à família, pela dor que eu causei. Sinto muito por tudo isso – finalizou a doceira.
Contrapontos entre acusação e defesa
Enquanto o Ministério Público procurou assegurar a tese de que Margareth tentou matar Nercival, o advogado de defesa Gilson Schelbauer, por sua vez, quis desqualificar a tentativa de homicídio para lesão corporal grave a fim de reduzir a pena.
A defesa apresentou uma mulher que agiu por impulso e que não planejou a agressão contra o marido. Gilson não se ateve ao caso dos bombons envenenados, já que o caso será julgado pelo Poder Judiciário do Paraná.
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Uma mensagem de celular enviada por Margareth aos familiares e amigos dois dias depois do crime informando que Nercival poderia estar morto, foi uma das alegações do advogado para comprovar que a mulher não teve a intenção de matá-lo.
– Ela queria que ele fosse salvo, interferiu no resultado morte – avaliou.
Para a promotora, o comportamento perturbado de Margareth foi uma tentativa de minimizar os fatos. O pedido de perdão feito pela doceira durante o depoimento não comoveu a promotora que rebateu:
– Ele (Nercival) quer que seja feita a justiça e não o perdão – salientou.
Novo julgamento
Em Curitiba, Margareth provavelmente deverá encarar um segundo júri no processo que apura o envenenamento de quatro jovens. Segundo o MP, Margareth enviou uma amostra de bombons com veneno de rato à aniversariante.
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Três amigos da jovem também experimentaram os doces e precisaram ser internados. Os quatro se recuperaram do envenenamento tempos depois.