Não levou mais de um mês desde a criação pelo Estado do Grupo Tático de Intervenção Prisional até a primeira polêmica sobre a conduta dos agentes com detentos em Santa Catarina.
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A ação para conter uma tentativa de rebelião de presos em Blumenau, filmada e divulgada pelos próprios servidores, está dividindo opiniões. O comando do sistema prisional naturalmente saiu em defesa dos integrantes.
Ação de agentes prisionais na operação pente fino no Presídio Regional de Blumenau
Gomes ponderou sobre a superficialidade das imagens, lembrou da dificuldade das intervenções no ambiente prisional e do “público” envolvido.
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Uma outra manifestação partiu do juiz corregedor em Joinville João Marcos Buch, ferrenho defensor dos direitos humanos e fiscalizador na área prisional.
Para o magistrado, o Estado tem meios para realizar operações em unidades prisionais que evitem conflitos e distúrbios. Buch criticou o confronto direto e ressaltou que podem originar reações e riscos a todos. O juiz afirma que o seu posicionamento foi em caráter geral e não tratou do caso específico de Blumenau.
Nos bastidores dos meios prisional e policial também há posicionamentos, evidentemente velados por receio dos funcionários em sofrer repreensões. Agentes penitenciários também estão divididos.
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Há os que apoiam a ação tática para defender o cidadão de bem e adotam a postura de legítima defesa e os que enxergam a equipe de intervenção como um grupo que poderá aumentar o suposto clima de embate e guerra com os detentos.
Um outro ponto acalorado envolve a figura do comando do grupo, hoje pelo agente Carlos Alves, ex-diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara. Alves é tido como referência em intervenções prisionais. No passado, teve a mulher morta a mando de bandidos chefes da facção que age das prisões.
Todos os pontos de vista devem ser analisados. As facções criminosas enraizadas nas cadeias são a maior mazela de Santa Catarina, um mal que ameaça toda a sociedade. Ações contra esses bandos devem ser incentivadas, mas sempre obedecendo princípios legais e aos olhos dos cumpridores da lei.
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Isolar lideranças negativas do cárcere em regimes apropriados ou até mesmo em presídios mais duros como os federais não podem ser ações tomadas apenas pós-crises. Investir em peso em projetos educacionais nas ruas, especialmente na formação cidadã de crianças e jovens requer prioridade. Caso contrário, teremos que conviver com duelos dentro e fora do cárcere cada vez mais temerosos do ponto de vista da segurança.
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