O inquérito civil aberto na tarde desta segunda-feira pelo Ministério Público para investigar se houve plágio nas provas do concurso público da Câmara de Vereadores de Joinville aumenta a incerteza que já pairava sobre os mais de sete mil candidatos que disputam as 50 vagas oferecidas.

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Se na semana passada, uma decisão da Justiça determinou que ninguém fosse nomeado até que a ação movida por um advogado de Joinville fosse julgada, agora, os próprios candidatos estão questionando o processo.

Na última segunda-feira, a jornalista Gisele Silveira levou cópias da prova ao Ministério Público denunciando que pelo menos 15 questões do teste preparado pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), contratado pela Câmara para fazer o concurso, eram similares ou idênticas às perguntas feitas em 2009 para um processo seletivo do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), da UnB, e para o cargo de jornalista do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

As questões eram exibidas em um site especializado na preparação para concursos públicos. Nas cópias, aparecem questões exatamente iguais e situações em que apenas um ou duas palavras foram alteradas.

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Nas redes sociais, candidatos de todo o Estado listaram pelo menos 28 questionamentos em que haveria suspeita de plágio.

Risco de cancelamento

Com os documento em mãos, o promotor Renato Maia de Faria, responsável pelas áreas de moralidade administrativa, controle de constitucionalidade, correcional e administrativa, instaurou um inquérito civil que pode culminar com o cancelamento de todo o processo seletivo.

O problema é que, se o plágio ficar constatado, não há como apenas invalidar as questões e continuar o processo atual.

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– Já estamos com a documentação pertinente às provas. O preocupante é que o número de questões é muito alto. Vou pedir à Câmara de Vereadores uma cópia do contrato – disse o promotor. A preocupação é que na prova de 20 questões para jornalismo possa haver 15 comprometidas. Na prova para o cargo de relações públicas, outras 13 questões estão sendo questionadas pelos candidatos.

A reportagem de “A Notícia” tentou conversar com o presidente da Câmara, João Carlos Gonçalves, por pelo menos quatro vezes ontem à tarde. Por meio de sua assessoria de imprensa, ele informou apenas que o Ibam precisa explicar o que aconteceu. Ele se reuniu com a assessoria jurídica da casa para definir o que pode ser feito a partir das denúncias e da decisão do MP de abrir um inquérito.

Se o concurso ficar comprometido, a Câmara terá dificuldades para cumprir o termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado com o Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) para aumentar o número de concursados em relação ao número de funcionários comissionados.

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Pelo menos 60 profissionais devem deixar o Legislativo até o fim de fevereiro. O Legislativo precisa atingir a proporção de um funcionário

comissionado para cada concursado. Além disso, a expectativa de colocar a TV Câmara no ar também fica comprometida.