O presidente da Federação Catarinense de Futebol (FCF), Delfim Pádua Peixoto Filho, respondeu forte à estratégia de Marco Polo Del Nero impedi-lo de comandar a CBF. Em carta pública divulgada nesta segunda-feira, ele se posicionou contrário ao que considera ser uma tentativa de golpe e exigiu que se cumpra o estatuto, segundo o qual Delfim seria o primeiro na linha sucessória da Confederação em caso de renúncia do seu desafeto Del Nero.
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Confira na íntegra da carta de Delfim Pádua Peixoto Filho:
Ao contrário de sexta-feira passada, quando afirmou ao DC que não se manifestaria sobre o assunto, nesta segunda ele resolveu falar. Havia dito que estava “mudo, surdo, cego e igual a canário na muda: não canta”. Agora, portanto, resolveu “cantar”.
O texto assinado pelo presidente de FCF refere uma a crise de credibilidade na CBF e faz posicionamentos do cartola em caso de ele assumir a instituição. Como promessas de campanha, Delfim cita medidas que pretende implementar para moralizar a Confederação. Diz que, se assumir, ainda criará uma liga nacional de clubes que fará a gestão das séries A e B do Campeonato Brasileiro.
A tentativa de barrar a posse de Delfim na presidência da CBF tem sido arquitetada nos últimos dias. Na quinta passada, Marco Polo Del Nero se licenciou do cargo por 150 dias após ser indiciado pela Justiça dos Estados Unidos, suspeito de integrar um esquema de recebimento de propina no futebol. Como não houve renúncia, ele encontrou uma brecha para ter o direito de escolher o substituto, seu aliado Marcus Vicente, deputado federal pelo PP do Espírito Santo.
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Marcus Vicente (PP-ES) convocou na sexta-feira uma eleição para escolher no dia 16 o substituto de José Maria Marin na vice-presidência do Sudeste e na CBF. O cargo está vago desde a prisão do cartola, em maio, na Suíça.
Pelo estatuto da CBF, o vice mais velho assume a presidência em caso de renúncia de Del Nero. Como Marin, 83 anos, está preso e afastado do cargo, seria Delfim, 74, desafeto de Del Nero, quem assumiria. A estratégia é eleger na vaga de Marin um vice mais velho do que Delfim, o que impedirá que o dirigente catarinense chegue ao topo da entidade.
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Apesar de vascaíno, Delfim ironiza rebaixamento por richa com Eurico Miranda
Em entrevista ao DC, nesta segunda, Delfim Peixoto tratou de outros assuntos. Após tantas polêmicas levantadas sobre a arbitragem da última rodada do Campeonato Brasileiro, tratou de encerrar o assunto. Apesar de lamentar que o Avaí tenha sido rebaixado – o que já havia ocorrido com o JEC -, o presidente da FCF considera que não houve motivo para reclamar.
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O dirigente ainda aproveitou para alfinetar o presidente do Vasco, Eurico Miranda, com quem trocou farpas ao longo da competição. O mandatário do clube denunciava suposto favorecimento de arbitragens aos clubes catarinenses na luta contra o rebaixamento, enquanto Delfim revidava: dizia que o outro lado é que seria beneficiado.
– Esperamos no jogo de Curitiba (contra o Coritiba) que o Vasco ganhasse pelo menos de 1 a 0 ou 2 a 0, já que o Vasco estava com este afã de escapar. O homem (Eurico) chegou a dizer que iria para a Sibéria se caísse. Porém, no jogo de Curitiba não aconteceu nada – ironiza Delfim.
Apesar da richa com Eurico, o presidente da FCF diz respeitar o clube carioca, ainda mais por ser torcedor vascaíno:
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– Não comemoro (a queda) porque, inclusive, sou vascaíno. Meu time é o Vasco, só que o Vasco pagou por uma péssima administração do Eurico, um cidadão que neste ano resolveu falar mais do que agir. E mereceu cair. Não estou reclamando, por exemplo, que o Avaí e o Joinville caíram por causa da arbitragem. Houve arbitragens que prejudicaram e houve algumas que favoreceram todos os times. Então, não vou colocar a culpa na arbitragem. E o Eurico está botando.