O efetivo da Polícia Militar em Itajaí, Navegantes e Balneário Camboriú não é suficiente para atender a demanda de criminalidade existente. Essa informação é consenso entre os comandantes da PM na região, que precisam driblar os desafios diários para dar mais segurança a comunidade – já que o reforço policial não acompanha o crescimento dos municípios.
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> Veja o comparativo entre o efetivo policial e o número de roubos
Os números da Polícia também mostram que o efetivo tem diminuído. Em 2011, Itajaí tinha 204 policiais militares; em 2012 o número subiu para 235 e voltou a cair nos anos seguintes. Atualmente são 206 policiais para atender a cidade. Em Balneário Camboriú a situação não é diferente: em 2011 o município tinha 137 policiais, hoje em dia são 120. Navegantes manteve os números equilibrados, passando de 60 policiais em 2011 para 64 neste ano.
Em contrapartida os roubos na região têm aumentado. Itajaí já registrou neste ano 809 roubos, quase 62% do total contabilizado em 2013, que foi 1308. Se compararmos o ano passado com 2011 o aumento é ainda maior: 70%. Navegantes vem em seguida com acréscimo de 41% no número de roubos – os 224 assaltos de 2011 passaram para 318 dois anos depois. Balneário teve crescimento de 11% se compararmos os últimos três anos. Em 2014, o município já contabiliza mais da metade do total de roubos registrados no ano passado.
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Para amenizar essa situação as cidades devem receber um pequeno reforço na primeira quinzena de julho. Conforme o comandante da terceira região da Polícia Militar, coronel Atair Derner Filho, 110 policiais se formam no início do próximo mês, mas só 55 serão destinados a região. No entanto, esse número altera pouco a realidade vivenciada.
– Nós estamos trabalhando no limite, de homens e carga de trabalho. Isso é na região toda, precisa de mais efetivo. O ideal seria que a divisão fosse conforme a geografia da criminalidade, destinando um reforço maior nas áreas mais impactadas – explica.
Derner afirma ainda que a terceira região tem apresentado um índice alto de violência e que os locais onde o efetivo está defasado acabam sentindo mais esse impacto. Além disso, o comandante comenta que outras questões influenciam no trabalho dos policiais, como a tecnologia das câmeras de monitoramento e o armamento disponível.
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– A questão da tecnologia tem que ser aprimorada e em Itajaí a prefeitura está tentando ampliar o sistema que existe. Além disso, precisamos de armas longas na viatura, não são ocorrências cotidianas que exigem esse armamento, mas às vezes há necessidade – completa.
Força-tarefa em Navegantes diminuiu roubos
Navegantes recebeu no fim do mês de maio o reforço de 47 policiais militares durante duas semanas, que atuaram em diversas frentes, inclusive com cavalaria, Bope, canil e Coordenadoria Especial de Polícia. De acordo com a Polícia Militar, no período foram feitas cerca de 700 abordagens entre pessoas e veículos e o cumprimento de cinco mandados de prisão.
O comandante do 25º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Marco Antônio Otávio, afirma que com o reforço no efetivo houve uma significativa redução de roubos, especialmente em função do policiamento preventivo e ostensivo. Na semana anterior à vinda dos policiais, por exemplo, foram registrados cinco roubos e durante as duas semanas de operação apenas dois.
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Otávio explica que além de um maior efetivo policial é necessário que a Polícia Militar receba um aumento no armamento e equipamentos utilizados.
– Tem que ter um conjunto para trabalhar, isso facilita o trabalho, mas o que precisamos realmente é de polícia na rua. Com um efetivo maior conseguimos atuar na inteligência, adiantar o repressivo e em contrapartida ter um preventivo atuante – afirma.
O tenente-coronel também ressalta que para conciliar o baixo efetivo são feitas ações como “fecha quartel”, em que todos os policiais disponíveis vão para rua reforçar o policiamento.
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– Temos o mínimo para funcionar, não está ruim, mas poderia melhorar bastante – declara.
Avaliação efetivo x roubos precisa ser mais ampla
O problema do crescimento no número de roubos é ainda mais complexo do que parece. Segundo o professor de criminologia Alceu de Oliveira Pinto Junior, apesar de não haver um aumento do efetivo proporcional ao da população, devem ser levados em conta outros fatores.
– Só o número direto de policiais não serve para avaliação, temos que olhar o conjunto: viaturas, comunicação (câmeras de monitoramento) e o efetivo, não só da PM, mas da Polícia Civil e da guarda, por exemplo – argumenta.
Mesmo considerando o número de policiais militares longe do ideal, o professor explica que o aumento nos roubos também pode ser consequência de uma repressão maior ao tráfico de drogas, pois os bandidos acabam migrando para outras áreas e crimes.
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– O roubo pode ser decorrência do que sobrou do tráfico, por isso tem que tratar estrategicamente. Não existe combate a criminalidade municipal, a região precisa participar de uma mesma estratégia – avalia.
Quem também compartilha dessa opinião é o comandante do 12° Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Marcello Martinez Hipólito. Para ele não é só o efetivo que diminui a criminalidade, o problema é mais complexo e existem vários fatores que influenciam. O grande desafio é reduzir as condições para que se cometa o crime.
– Cidades que apresentaram crescimento acelerado tiveram um aumento na criminalidade. Além disso, é preciso a integração dos serviços sociais com a prisão e deixar o bandido mais tempo preso – aponta.
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Conforme Martinez, houve uma diminuição tão grande do efetivo que a presença da polícia fica pouco perceptível e isso acaba estimulando a criminalidade.
– Com mais pessoas certamente a gente consegue fazer um trabalho integrado de prevenção, hoje em dia o efetivo fica só atendendo ocorrências – destaca.