As flutuações no nível de atividade de uma economia são afetadas por muitos eventos. Entre os mais importantes está o que acontece na economia mundial. Por isso, o Brasil presta bastante atenção em discussões como as do fórum econômico de Davos, Suíça. Nesses eventos, o país busca disseminar informações sobre sua situação que influenciem expectativas econômicas.
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Uma parte significativa do valor total dos bens e serviços que compõem o total do consumo e do investimento, chamado de Produto Interno Bruto (PIB), é definida pelas compras e vendas internacionais do país. Apesar de o Brasil ser um país de relativamente baixa abertura para o comércio exterior, mesmo assim esse comércio costuma contribuir na saída de crises econômicas.
Outra via de significativa influência é a do mercado financeiro internacional, por meio de empréstimos e aplicações financeiras. Por exemplo, quando uma empresa brasileira toma dinheiro emprestado no Exterior, aumenta a dívida em dólar do país, valendo, também, o contrário.
Quando há uma crise internacional, sobretudo financeira, países endividados tendem a perder crédito, além de perderem mercados de exportação.
Os primeiros anos do período de 1997 a 2011 ilustram essa situação. Eles marcam os dois últimos maiores picos, se medidos em relação à linha de tendência do PIB. A partir de 1997, as atividades desaceleraram por influência das crises financeiras asiática e russa. O crédito diminuiu lá fora e aqui dentro. Expectativas pessimistas quanto à capacidade de pagamento do Brasil, um país então com grande potencial de calote na dívida externa, geraram fuga de aplicações financeiras daqui para países de menor risco. O baixo estoque de dólar do país encolheu rapidamente e seu preço aumentou pouco mais de um terço em 1999, já descontada a inflação.
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Esse dólar mais caro pressionou os preços internos. Para combater esse pessimismo e a inflação, a consequente alta de juros ajudou na desaceleração da atividade econômica. Com o dólar mais caro, houve aumento gradual das exportações. Assim como um vinho importado fica mais caro para nós, o contrário acontece com o vinho exportado.
O tsunami financeiro de 2008-2009 finalmente atingiu o país com força, depois da tentativa de segurá-lo com sacos de areia, o que funcionou apenas até 2011. A partir de 2011, houve alguns pontos em comum com o início do período anterior, como a diminuição do crédito e a melhora gradual do balanço de pagamentos.
Os ajustes de longo prazo começaram a ser feitos em 2015 e ainda estão em andamento. Exposições em fóruns como o de Davos podem ajudar na atração de crédito e investimentos no curto prazo. Mas sem ajustes efetivos nas contas públicas, haverá reversão de expectativas e a tímida retomada atual de crescimento poderá ser apenas mais um voo de galinha.
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