Dançar é coisa séria para os mais jovens bailarinos a participarem do 35ª Festival de Dança de Joinville. Desta sexta-feira até 24 de julho, o palco do Teatro Juarez Machado recebe o Meia Ponta, mostra competitiva para os estudantes de dez a 12 anos, que neste ano chega à 18ª edição. Ela reúne os mesmos gêneros – clássico de repertório, neoclássico, jazz, sapateado, danças urbanas, danças populares e dança contemporânea – que a Mostra Competitiva e é o primeiro momento para que alguns destes estudantes vivam a experiência do Festival de Joinville.

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– O Meia Ponta é a oportunidade de ver talentos promissores e torcer para que eles continuem, como já aconteceu muito, de depois participarem da Mostra Competitiva e até ganharem prêmios de melhor bailarino – afirma a curadora artística do Festival de Joinville, Mônica Mion.

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Neste ano, a mostra paralela ganhou um dia a mais, já que o Meia Ponta ocorria em apenas três tardes, com a última para a apresentação dos contemplados com primeiros lugares. Agora, serão três dias de competição, oferecendo também mais vagas para que um número maior de grupos tenham a chance de participar. Em 2016, por exemplo, 30 grupos levaram 40 coreografias para o Meia Ponta. Neste ano, serão 39 grupos com 52 coreografias.

– Às vezes, deixávamos de fora pessoas talentosas por causa do tempo. Ele é muito restrito de tempo, porque ocorre no meio do dia e agora não precisará ser tão corrido, porque havia a preocupação de não atrasar as outras atrações – diz Mônica.

Além disso, a partir desta edição os encontros entre jurados e participantes serão mais parecidos aos da Mostra Competitiva, com três jurados de cada gênero explicando as avaliações que levaram às médias de cada apresentação, que levam ou não os grupos e bailarinos a serem premiados. Até o ano passado, jurados de diferentes gêneros conversavam com os bailarinos, sem que fossem todos especialistas no estilo apresentado pelo participante.

– Achávamos que era uma falha, porque os trabalhos do Meia Ponta são muito bons e, às vezes, receberam até mais cuidado do que o que é apresentado na Mostra Competitiva. Temos muita atenção com eles e as escolas entendem isso, enviando sempre trabalhos de acordo com a faixa etária do bailarino – conta a curadora.

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Na tarde de hoje, haverá apresentações de balé clássico de repertório, neoclássico e danças populares. Entre os participantes há dois grupos catarinenses: o Grupo Folclórico Tropeiros do Litoral, de Itapema, concorre com a Companhia de Dança Liliana Vieira, de Joinville, com coreografias de Danças Populares. No domingo, a AZ Hip Hop Culture, também de Joinville, compete no gênero Danças Urbanas com uma coreografia de conjunto e um solo masculino. Todos os dias já estão com ingressos esgotados.

O primeiro festival

Na primeira tarde do Meia Ponta, será anunciado na competição, pela primeira vez, o Ballet Paraisópolis, de São Paulo. É quando entrará no palco David Rocha, 12 anos, um dos grandes destaques do projeto social iniciado há apenas cinco anos na comunidade que dá nome à escola, famosa por ser um símbolo da desigualdade social do País. Ela está localizada ao lado das mansões e prédios de luxo do Morumbi, que destoam das casas sem reboco onde vivem pelo menos 120 mil habitantes.

David saiu de lá na manhã de quinta-feira, embarcou pela primeira vez em um avião – com passagens compradas pela atriz Claudia Raia – para dançar Pas Paysan, variação presente no primeiro ato do balé Giselle. Faz um ano que o menino ensaia os 60 segundos deste solo em busca da perfeição que o balé clássico de repertório exige, principalmente quando é apresentado no Festival de Joinville.

– Nos últimos meses, começamos a ensaiar de domingo a domingo. Todos os mestres do balé de São Paulo assistiram, deram conselhos e ajudaram a “limpar” a execução – conta a professora de balé e idealizadora do projeto, Mônica Tarragó.

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O Ballet Paraisópolis enviou nove coreografias para a seletiva do Festival de Dança, mas, desta vez, apenas David conseguiu uma vaga. Para 2018, Mônica já prevê um projeto que ela batizou de Projeto Joinville, para buscar recursos e trazer as alunas do grupo especial de que David faz parte. Para que o menino viesse, além da ajuda de Cláudia Raia, uma marca de produtos de dança concedeu roupas e figurinos e um estúdio de dança colaborou com os gastos da viagem.

– Sempre dançamos em teatros importantes de São Paulo, então experiência de palco não falta para elas. Mas elas querem mais: querem o Festival de Joinville – afirma.