A situação daria até uma marchinha, mas os cortes no orçamento dos principais carnavais de Santa Catarina fazem parte da realidade de muitos municípios neste ano. Em meio a crise, redução de gastos das prefeituras e repasse menor da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte, cidades como Joaçaba e Florianópolis precisaram abrir mão de algumas atrações ou renegociar com fornecedores. A redução de verba chega a 50% em alguns casos.

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O secretário estadual de Turismo, Cultura e Esporte, Filipe Mello, explica que em função da crise econômica houve redução de 50% nos repasses da secretaria para os carnavais que são historicamente auxiliados pela pasta, caso de Laguna, São Francisco do Sul, Itá e Florianópolis. Ainda assim, o secretário acredita que a redução não deve influenciar na produção cultural ou no turismo. Neste ano, o montante repassado às prefeituras será de R$ 4 milhões.

Carnaval 2016: Realização do Zé Pereira será decidida nesta quarta-feira

— O carnaval vai acontecer, essas cidades estão se adaptando à realidade nacional. É claro que está exigindo por parte das escolas e ligas mais criatividade e fazer mais com menos — diz Mello.

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O presidente da Santa Catarina Turismo ( Santur), Valdir Walendowsky, defende que essas reduções não devem impactar no número de visitantes ao Estado: – Santa Catarina não é como o Rio de Janeiro, pois é um destino preferencialmente turístico mais pelas belezas naturais.

Marchódromos, Zé Pereira e Pop Gay estão fora da programação do Carnaval 2016

Convênio vai ajudar carnaval de São Francisco do Sul, Norte de SC

O presidente da Santur reforça que ¿ esta temporada está bem melhor¿ e que para época de Carnaval a ocupação hoteleira está ¿ excelente¿. Para Cristiana Tramonte, professora da Universidade Federal de Santa Catarina ( UFSC) e pesquisadora do Carnaval, os cortes impactam sim, pois qualquer espetáculo necessita de verbas e o público tem um nível de exigência:

— O fator cultural é fundamental para o desenvolvimento da população. Esperamos que não haja extinção de manifestações tão emblemáticas como o Zé Pereira ( bloco tradicional de Florianópolis).

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LAGUNA

O secretário de Turismo, Lazer e Comunicação de Laguna, Iderê Aguiar Jaques, afirma que em 2015 o aporte do Estado foi de R$ 800 mil e a prefeitura arcou com mais 25%. Neste ano, segundo ele, a expectativa é manter o montante. Em 2016, no entanto, não haverá desfile competitivo das cinco escolas de samba da cidade no sambódromo:

— Foi decisão delas, porque a população pede e no centro histórico muito mais gente participa — defende o secretário, que acrescenta que o desfile das escolas nas ruas ( sem competição) acontecerá no dia 5 de fevereiro.

Jaques afirma que os 14 blocos de rua e toda a programação tradicional da cidade será mantida. A expectativa de público é de 500 mil pessoas só no Bloco da Pracinha.

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BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Reduziu de cinco para três atrações nacionais já no Carnaval do ano passado. Em 2016, serão três shows nacionais e o carnaval de rua, que somam investimento de R$ 600 mil – em 2016 foi R$ 640 mil. Fora isso, tem o investimento em estrutura como palcos, sistema de som e segurança, que somou cerca de R$ 1,5 milhão em 2015 e deve se repetir.

A meta foi incrementar o carnaval de rua, que passou do investimento de R$ 115 mil em 2015 para R$ 165 mil em 2016. Já o orçamento para os shows do Pontal Norte, que no ano passado custaram cerca de R$ 525 mil, neste baixou para R$ 435 mil, segundo a secretaria, ¿ sem perda de qualidade¿. A programação, no entanto, ainda não foi divulgada.

NAVEGANTES

No Carnaval de Navegantes não haverá desfiles competitivos das escolas de samba, que gera economia de R$ 350 mil. O secretário municipal de Turismo, Carlos Sérgio de Souza, diz que não tem relação com a crise, mas foi decisão das escolas, por questões pessoais ou falta de patrocínio:

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— A prefeitura estava preparada, mas eles não quiseram. Foi reduzindo o número a cada ano. Começamos com seis escolas e no último já foram três.

Neste ano serão só o Navegay, trios elétricos e blocos. Serão investidos cerca de R$ 180 mil na festa, que incluem segurança, grades, trios elétricos e banheiros. Só no Navegay – às 15h de segunda- feira de Carnaval – serão 200 seguranças e dois trios elétricos bancados pela prefeitura.

O evento deve reunir 130 mil foliões na Avenida Beira- Mar.

SÃO FRANCISCO DO SUL

Com demonstração de jogo de cintura, a prefeitura de São Francisco do Sul assinou convênio com a Liga das Escolas de Samba cedendo um boxe no Mercado Público. O Botequim do Samba, que inaugura dia 30, será gerido pela liga e pelas escolas para poder arrecadar renda para o Carnaval. Não haverá desfile competitivo: sem o repasse ( R$ 260 mil) da prefeitura para as quatro escolas e o atraso de recursos estaduais, o ritmo para a preparação diminuiu. Haverá desfile no dia 7 de fevereiro no Centro Histórico. A programação prevê, ainda, roda de samba no aterro da Babitonga, palco com atrações naVila da Glória; desfile dos blocos carnavalescos sexta-feira, domingo e segunda, e trio elétrico nas praias de Ervino, Enseada e Saudade.

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JOAÇABA

Neste ano, Joaçaba recebeu metade dos recursos em relação ao ano passado. Foram R$ 800 mil, sendo que em 2015 a quantia repassada pela Secretaria Estadual de Turismo e prefeitura somavam R$ 1,6 milhão. Segundo a Liga das Escolas de Samba de Joaçaba e Herval d¿Oeste, os integrantes conseguiram renegociar com fornecedores e devem manter o mesmo padrão dos anos anteriores. O maior impacto foi no número de jurados, que caiu de 24 para oito e estarão em duas cabines ( no ano anterior eram quatro). Quatro escolas vão desfilar, sendo duas no sábado e duas no domingo de Carnaval. Além disso, o desfile dos blocos não será competitivo. Segundo a liga, não tem relação com a redução do repasse. A expectativa é reunir 50 mil pessoas.

FLORIANÓPOLIS

Em Florianópolis, houve uma redução dos custos em 40%. Em 2015 o investimento do Carnaval foi de R$ 8,2 milhões. Neste ano, caiu para R$ 4,9 milhões. O Pop Gay e os marchódromos foram cortados e o bloco Zé Pereira ainda não está garantido. Os carnavais de bairro ainda receberão ajuda, mas a estrutura de palco e som não será mais cedida pela prefeitura. No ano passado, os gastos com infraestrutura somaram R$ 2,5 milhões.

— Não vai impactar em absolutamente nada, assim como o Natal e Ano- Novo que tiveram redução de 30%. Quando tem crise tem que usar a criatividade. E temos que ter algumas atitudes teoricamente antipáticas — enfatiza a secretária municipal de Turismo, Zena Becker.

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